Yousuf Shaukatzai, ministro da informação da província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão, transmitiu uma conferência de imprensa no Facebook com o cat filter ligado. Conclusão: apareceu com orelhas de gato e longos bigodes, o que dá uma nova imagem ao governo e fez da coisa um acontecimento viral ao dar muito que falar nas redes sociais.

O PTI (Pakistan Tehreek e Insaf, o Partido de Yousuf Shaukatzai) já declarou ter sido um “erro humano”, e que foram tomadas providências para que não se repita, não clarificando se isso quer dizer que despediram os responsáveis pela transmissão. Mas foi embaraçoso para um partido que se diz pioneiro na utilização das redes sociais e da internet: poderemos até dizer que o fez, no Paquistão, com rapidez felina.

Apesar do filtro ter sido removido em minutos, muitos foram os comentários. Ali Kahn observa que ficou agora provado que há gato no Gabinete; Durrani disse que o ministro ficou com um “ar fofinho”; outros comentaram que “soltaram os gatos” e houve até quem pedisse que fizessem o mesmo no Parlamento britânico.

Note-se que já em 2013 Eli Bem-Dahan, o vice-ministro dos Assuntos Religiosos e atual vice-ministro da Defesa de Israel, tinha dito que os palestinianos eram animais; não tinha na altura a prova empírica que tem agora. Na Índia, Mayawati, a presidente do Bahujan Samaj Party do Uttar Pradesh, disse sobre o governo da província que “toma mais cuidado com a segurança dos animais dos ministros do que das pessoas comuns”, mas não é claro se ela não se estaria a referir aos animais de estimação.

Nos “Parliamentary Debates, Volume 12”, na Nova Zelândia, lê-se na página 492 que o honorável Mr. Gillies terá dito “os deveres executados pelos Ministros Residentes – animais até aqui desconhecidos da Lei, embora não deste Parlamento”, o que quer dizer várias coisas: primeiro, que não é só o ministro Shaukatzai que é um animal (um gato, no caso), há outros, onde se incluem ministros residentes neozelandeses; segundo, que por vezes a lei não os reconhece mas os parlamentos sim, o que faz seguramente a felicidade do PAN e dá uma dimensão e contexto mundiais à sua missão.

Ficou então clara a convergência entre políticos e animais. Aliás, tivemos um primeiro-ministro que era um animal feroz, e mais que um foram tratados por “um leão”. Há políticos mansos como gatinhos e há-os que são umas hienas. Podemos portanto imaginá-los como animais e vê-los com filters do Facebook.

Imaginem o nosso Parlamento com elefantes, os que nunca esquecem; avestruzes, a esconder a cabeça debaixo da mesa quando a coisa fica difícil; ou macacos bugios, com grandes hioides que fazem deles os maiores guinchadores do reino animal. Quando os vejo em campanha, só me vem à cabeça o tubarão-branco: mentem com quantos dentes têm, e um tubarão-branco pode ter 3.000!