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Arábia Saudita ‘herda’ duas ilhas egípcias

A oposição ao presidente al-Sissi afirma que os sauditas controlam como querem o posicionamento do Egipto em relação ao Médio Oriente.
24 Junho 2017, 20h05

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi formalizou hoje a transferência para a Arábia Saudita de duas ilhas no Mar Vermelho, Tiran e Sanafir, desabitadas mas estrategicamente localizadas na entrada do Golfo de Aqaba: controlam o acesso ao porto israelita de Eilat através do Estreito de Tiran.

Em 2016, o governo egípcio anunciou um acordo para a entrega das ilhas à Arábia Saudita, algo que os sauditas vinham pedindo desde 1950. A decisão do governo provocou um debate político longo e duro, acompanhado por manifestações de massa contra a decisão. Para muitos egípcios, as duas ilhas são um orgulho nacional. O parlamento egípcio aprovou o acordo de transferência há uma semana, após três dias de debate agitado, durante o qual os deputados da oposição interromperam as sessões cantando slogans denunciando a entrega das duas ilhas.

O processo vem novamente colocar em causa o presidente egípcio – acusado pela oposição de ser um homem da confiança da Arábia Saudita. É aliás nesse quadro que se compreende o facto de o Egipto ser um dos países que secundou a Arábia Saudita no corte de relações com o Qatar.

Os detratores de al-Sissi acusam-no de ter deixado o Egipto perder toda a influência como potência regional – que chegou marcadamente a ter ao longo do final do século passado. Desde então, o país tem vindo a perder a mão como potência regional e nos últimos anos deixou de ter qualquer influência marcante no equilíbrio de forças no Médio Oriente.

O facto de a Arábia Saudita passar a ter a hipótese de controlar a geografia de Israel não será por certo algo que venha desanuviar a região. Aliás, as coisas parecem estar a aquecer rapidamente por aqueles lados: nos últimos meses, têm-se multiplicado os ataques a Israel vindos dos mais diversos locais.

Hoje mesmo, aviões israelitas bombardearam vários alvos no norte dos montes Golan, como forma de retaliar um ataque anterior vindo da Síria, segundo informações do exército de Israel, citado por vários ‘media’ europeus. Israel ocupa os montes Golan desde 1967, uma decisão que nunca foi reconhecida pela comunidade internacional – e os confrontos têm-se repetido na região.

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