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Artigo de opinião força China a expulsar três jornalistas do “Wall Street Journal” do país

O Governo chinês confirmou esta quarta-feira que vai cancelar as credenciais de imprensa de três correspondentes do Wall Street Journal no país, devido a uma manchete que classificou como “racista e difamatória”.
  • FILE PHOTO: An attendant cleans the carpet next to U.S. and Chinese national flags before a news conference for the 6th round of U.S.-China Strategic and Economic Dialogue at the Great Hall of the People in Beijing, July 10, 2014. REUTERS/Jason Lee/File Photo
19 Fevereiro 2020, 13h17

A China expulsou três jornalistas do “The Wall Street Journal” (WSJ) que estavam em Pequim e bloqueou o jornal do país. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, a decisão serviu para punir a publicação norte-americana devido a um artigo de opinião recentemente publicado, intitulado de China Is the Real Sick Man of Asia (“O Verdadeiro Homem Doente da Ásia é a China”, tradução livre do inglês), e pelo qual o Wall Street Journal não se desculpou. O ministro acusou o jornal de usar linguagem discriminatória e ofensiva para a população chinesa, considerando o artigo de racista.

Na notícia avançada pelo próprio jornal, esta quarta-feira, é citada a declaração do porta-voz do Ministério dos Assuntos Externos: “A China exige que o WSJ reconheça a gravidade do seu erro, faça um pedido de desculpas oficial e responsabilize as pessoas envolvidas”. O artigo não identifica os profissionais cujo as credenciais foram retiradas.

O artigo de opinião apontou as debilidades do país em responder inicialmente ao surto do novo coronavírus, designado Covid-19, e advertiu para os riscos no sistema financeiro chinês, devido a décadas de excessivo investimento estatal, uma bolha imobiliária ou excesso de capacidade produtiva nas principais indústrias.

O termo ‘Homem Doente da Ásia’ é, no entanto, associado na China ao período de ocupação estrangeira, entre o final do século XIX e início do século XX, quando as potências ocidentais o usavam para se referir às pobres condições de higiene e saúde no país.

O autor do artigo tinha já reagido às constantes acusações do ministro, garantindo numa publicação na rede social Twitter que escritores não escrevem nem aprovam os títulos dos artigos de opinião.

“A propósito de nada em particular, uma palavra para os meus seguidores chineses: nos jornais norte-americanos, os escritores normalmente NÃO escrevem ou aprovam os títulos. Discutam com o escritor sobre o conteúdo do artigo e com o editor sobre o título”, escreveu.

Esta não é a primeira vez que um profissional é deportado da China. Em agosto passado, um outro jornalista do mesmo jornal foi expulso do país após a publicação de um artigo sobre o primo do Presidente chinês, Xi Jingping. Chun Han Wong escreveu sobre como os negócios de Ming Chai, primo de Xi, estavam a ser investigados pelas autoridades australianas, por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro.

A decisão de Pequim surge ainda no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram que os meios de comunicação social estatais chineses a operar no país vão precisar da aprovação do Departamento de Estado norte-americano e de identificar os funcionários regularmente.

Cinco meios de comunicação, incluindo a agência noticiosa oficial Xinhua e a televisão estatal CGTN, vão passar a estar obrigados a cumprir com os mesmos regulamentos que as missões diplomáticas nos Estados Unidos.

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