A última sexta-feira de novembro tornou-se sinónimo de promoções irresistíveis e oportunidades de poupança. A chamada Black Friday, criada nos Estados Unidos e hoje globalizada, movimenta milhões em vendas também em Portugal. No entanto, sob o brilho dos grandes descontos escondem-se várias armadilhas financeiras que todos os anos apanham consumidores desprevenidos. Sem planeamento e consciência financeira, as “boas oportunidades” podem facilmente transformar-se em prejuízo.
Uma das situações mais comuns nesta altura do ano é a ilusão de poupança. Nem sempre o desconto anunciado reflete uma redução real de preço, já que este pode ter variado nas semanas anteriores. Por isso, acompanhar o histórico de preços com antecedência e utilizar comparadores online é uma forma simples de garantir que a promoção é genuína.
Outro risco frequente é o das compras por impulso. A pressão do tempo e as mensagens apelativas, como “últimas unidades” ou “só hoje”, criam uma sensação de urgência que leva muitos consumidores a agir sem refletir. O resultado são compras desnecessárias que comprometem o orçamento. Fazer uma lista prévia e definir um limite de gastos antes de procurar promoções continua a ser a melhor forma de manter o controlo.
Com o aumento das compras online, as fraudes digitais tornaram-se também uma preocupação crescente. Sites falsos, anúncios enganosos e esquemas de phishing multiplicam-se nesta altura do ano, prometendo produtos de topo a preços demasiado bons para serem verdade. Confirmar se o site é seguro, verificar a reputação da loja e desconfiar de mensagens ou links recebidos por redes sociais ou SMS são passos essenciais. Optar por cartões virtuais temporários ou plataformas com proteção ao comprador, como o PayPal, acrescenta uma camada de segurança extra.
O crédito ao consumo é outra armadilha comum. A ideia de comprar agora e pagar mais tarde pode parecer inofensiva, mas quando usada para bens não essenciais, aumenta o risco de endividamento. O problema não está em dividir pagamentos, mas sim em recorrer a crédito sem necessidade ou sem considerar o impacto das prestações futuras no orçamento familiar. Antes de assumir qualquer compromisso, é importante avaliar o custo total e refletir se a compra é realmente prioritária.
Por fim, é importante lembrar que nem todas as lojas mantêm as mesmas condições de troca e devolução durante as promoções. Algumas ajustam prazos ou excluem produtos com desconto dessas políticas. Antes de concluir qualquer compra, é essencial ler as condições e confirmar se o comerciante cumpre o direito de arrependimento de 14 dias em compras online, conforme previsto na legislação portuguesa.
Mais do que encontrar o preço mais baixo, a verdadeira poupança está em comprar com intenção e planeamento. Num mercado cada vez mais competitivo e com estratégias de marketing sofisticadas, a melhor defesa é manter a cabeça fria e o foco nas prioridades financeiras. Para que a Black Friday não se transforme numa Black Fraude.



