A Venezuela vive, atualmente, uma crise humanitária sem precedentes: 82% dos venezuelanos são pobres e três milhões tentam sobreviver recorrendo às lixeiras municipais. É este o país onde, tendo sido já um dos mais ricos do mundo, se ouve hoje nas ruas: “Estamos com fome”.
Com a receita de Chávez de desvalorizar a moeda, proibir o lucro, não investir nas infraestruturas e controlar cegamente os preços, bastou praticamente uma década para o socialismo destruir a nação. Organizações criminosas, como as FARC, têm recebido além de apoio logístico dentro da Venezuela, onde possuem propriedades, identidades falsas e facilidades no “comércio” de estupefacientes. À medida que o desespero aumenta, a criminalidade cresce e os cidadãos fazem justiça pelas próprias mãos. Aliás, já há exemplos de quem tenha sido queimado vivo na praça pública por roubar.
À beira de uma guerra civil, Maduro, na linha do seu antecessor, continua a usar cruelmente os seus compatriotas como cobaias do bolivarianismo, a humilhá-los e a deixar o pior exemplo enquanto chefe de Estado.
Embora o Governo português ainda não tenha tomado uma posição relativamente à aplicação de sanções à Venezuela – até porque essa questão não foi ainda discutida na UE –, desde já se exige que António Costa se pronuncie na devida altura pela imposição das mesmas, não devendo, mais uma vez aqui, ser refém da vontade de Jerónimo de Sousa. Nesta matéria, o PS tem, ao longo da história, demonstrado fraquezas indesculpáveis, sendo disso exemplo o facto de Mário Soares na década de 70 ter recebido Ceausescu, de quem se declarou amigo.
Numa recente nota do gabinete de imprensa do PCP foi reiterado o apoio ao regime venezuelano e condenada a “ingerência do imperialismo” norte-americano.
Após a derrota nas legislativas de 2015, Maduro procura agora sair legitimado de uma Assembleia Constituinte, sem dar oportunidade ao povo para decidir por plebiscito se a quer convocar. É este o regime que Jerónimo de Sousa aplaude e quer ver perpetuado. O PCP continua a ser um dos partidos comunistas mais ortodoxos do mundo, no qual os militantes são mantidos na linha dura e na doutrina avessa à democratização. Partido este que teima em estar no lado errado da História.