O assalto a Tancos entrou em força na campanha eleitoral, depois de Rui Rio ter afirmado que “não é crível” que António Costa não soubesse da alegada encenação orquestrada pela PJ Militar, que terá sido feita com o conhecimento do ministro Azeredo Lopes, segundo o Ministério Público. “É pouco crível que um ministro não articule aspetos desta gravidade com um primeiro-ministro”, disse Rui Rio, citado pelo “Observador”.

Porém, deixemos de lado a retórica eleitoral – até porque o líder do PSD, que em tempos prometeu um “banho de ética”, tem pouca autoridade moral no que toca à forma como lida com colaboradores arguidos – e entreguemos aos tribunais o que é dos tribunais. Centremo-nos antes naquilo que podemos e devemos avaliar, que é a eventual responsabilidade política do primeiro-ministro.

Em primeiro lugar, um líder deve delegar competências, mas sem nunca deixar de assumir responsabilidades. Quando elegemos um primeiro-ministro, confiamos na sua capacidade de escolher as melhores pessoas para a sua equipa. Mas quando um ministro (ou um secretário de Estado, já agora) é acusado da prática de crimes no exercício de funções, tal significa que essa escolha poderá ter sido errada, com consequências negativas para o País.

O primeiro-ministro tem por isso explicações a dar, quanto mais não seja para esclarecer que não teve conhecimento de qualquer conduta irregular, que vai fazer tudo para que a verdade seja apurada e que lamentará o sucedido, se vier a confirmar-se que, de facto, o ex-ministro da Defesa sabia da alegada encenação. É uma questão de respeito pelos cidadãos, independentemente do período eleitoral… ou sobretudo por isso.