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As estratégias da Netflix para vencer a guerra do streaming

Programação criativa, transmissão de eventos desportivos, publicidade em direto e acordos de licenciamento permitem à empresa ser a líder incontestável do mercado.
Netflix
23 Janeiro 2025, 07h00

A Netflix apresentou um crescimento homólogo de 16% no seu volume de negócio trimestral, para 10,2 mil milhões de dólares (9,7 mil milhões de euros), e um aumento no número de assinantes em 19 milhões, perfazendo um total de 301,6 milhões.

A programação ajudou para a subida das receitas e para o crescimento de assinantes. A Netflix juntou à sua oferta, além do regresso da série “Squid Game”, a transmissão em direto de eventos de wrestling, futebol americano ou boxe. Além disso, a aposta para 2025 engloba também a última temporada de “Stranger Things”, uma das séries mais vistas de sempre na Netflix. O combate de boxe entre Jake Paul e Mike Tyson, que foi o evento mais visto, e os jogos na época do Natal da liga profissional de futebol (norte-americano) tiveram mais de 24 milhões de espetadores. Agora, a prioridade do grupo vai ser o aumento das vendas e dos lucros, estima Ross Benes, analista da eMarketer. “Vão procurar aumentar os preços da publicidade e das assinaturas”.

De facto, a Netflix aumentou o preço dos pacotes em quatro países, Portugal incluído. O plano Base passa de 7,99 euros para 8,99 euros; o Standard de 11,99 euros para 12,99 euros; e o Premium de 15,99 euros para 17,99 euros. Nestes dois últimos, a opção de membro adicional aumenta de 3,99 euros para 4,99 euros, sendo que os novos tarifários já estão em vigor e serão cobrados no próximo pagamento mensal. “Não é segredo que a programação em direto, com audiências massivas, incita grandes marcas a investir. Em 2025, vai haver mais escolhas em termos de formatos publicitários, de parcerias e de opções técnicas focadas nos utilizadores da Netflix”, acrescenta Mike Proulx, diretor de investigação na Forrester.

Outro sinal revelador do domínio da Netflix no mercado de streaming surgiu quando foi divulgado o catálogo “Sex and the City”, uma das séries de maior sucesso da HBO, proprietária do Max – supostamente um dos concorrentes de maior peso. Estes acordos de licenciamento representaram uma enorme mudança no modelo de negócios que predominava há alguns anos, quando os serviços de streaming como o HBO Max e Disney+ acreditavam que conteúdo exclusivo era uma das formas de se destacarem no mercado. Bob Iger, CEO da Disney, afirmou mesmo em 2022 que licenciar os principais produtos para um concorrente seria como “vender tecnologia de armas nucleares a um país do Terceiro Mundo e depois sermos atacados por eles”.

No entanto, as coisas mudaram radicalmente, e muitos dos concorrentes, incluindo HBO Max, Paramount, NBC Universal e, em alguns casos, a Disney, decidiram que a melhor estratégia seria licenciar o conteúdo para o maior player da indústria. Só que esta estratégia, apesar de garantir receitas e lucros a curto e médio prazo, também tornou a Netflix mais atraente para os utilizadores, o que ajudou a expandir a base de assinantes, conforme provam os resultados apresentados. No entanto, os analistas deixam um aviso: a guerra do streaming está longe de terminar.

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