A tempestade que se viveu nos mercados nos últimos dias teve o condão de nos recordar de como na economia tudo é efémero e pode mudar de um dia para o outro. Claro que os observadores mais atentos, como Warren Buffet, já esperavam uma correção nos mercados e agiram em conformidade, mas milhares de investidores em todo o mundo foram surpreendidos pela queda abrupta dos principais índices bolsistas.

A situação parece agora mais calma, mas muitos receiam que seja apenas o início de uma forte correção, após uma década e meia de subida à boleia dos estímulos dos bancos centrais.

No mundo globalizado em que vivemos, aquilo que acontece em Nova Iorque, em Londres ou em Tóquio pode ter consequências em toda a parte. E que lições pode retirar a Madeira desta tempestade nos mercados? Diria que são três.

A primeira é que não podemos depender em demasia do imobiliário. Os preços subiram muito nos últimos anos, em grande parte pela mesma razão que levou à subida das bolsas inclusive durante a pandemia, i.e., o dinheiro barato que o BCE, a Fed e outros bancos centrais injetaram nas economias. Esgotando-se este modelo, será natural que ocorra uma correção nos preços num futuro mais ou menos próximo, à medida que algumas ‘bolhas’ rebentam. A questão, a meu ver, é de quanto será essa correção e quanto tempo levará.

A segunda é que, se existir uma recessão nos Estados Unidos, o turismo poderá ser afetado. Num dia está tudo bem e no outro pode haver uma crise que diminui o número de viajantes de forma drástica. Os nossos modelos de negócio e as políticas públicas têm de contemplar esse risco.

A terceira é que a diversificação da economia, com a aposta em sectores que efetivamente produzam bens físicos e relativamente “imunes” a crises (por exemplo na área do agroalimentar), é fundamental para sermos mais resilientes perante estas oscilações da economia e dos mercados.