Mente sã, em corpo são

Muito se tem falado sobre combater este vírus nas últimas semanas. Claro que sim. Com toda a força e saber. Vamos a isso. Mas seria melhor se tivéssemos falado mais cedo. Teríamos mais e melhor combate a esse inimigo. Mais importante, agora, é que não se esqueçam as restantes discussões importantes e relevantes, ou seja, que não se cometa o mesmo erro de perder o momento adequado para cada coisa.

Confinamento social físico sim, mas não confinamento da nossa mente. Todos devemos estar a pensar no que pode vir por aí, como gostaríamos que evoluísse e adequar o nosso comportamento em consonância. Não é ouvir repetições hora a hora, dias a fio, nos meios de comunicação, que nos ajuda a pensar. É ser selectivo no que se ouve, é procurar na fonte fidedigna, é ouvir com profundidade, ouvir mesmo, o que tem interesse.

Discutir e decidir, decidir bem. Mesmo que seja para mudar. Só decide bem quem tem uma hierarquia de valores e princípios correcta. Só decide bem quem tem um propósito são e vontade do alcançar. O futuro da nossa sociedade, em democracia, depende mais da qualidade do julgamento e consequente comportamento de cada um, do que deste vírus. Não podemos deixar os políticos reféns do curto prazo, reféns do egoísmo de cada eleitor, temos de ter a coragem de ter um comportamento exemplar e exigir o mesmo. Todos. Ninguém é só vítima, todos podemos ser actores na sociedade.

Uma sociedade melhor

Não estamos de férias. Estamos numa crise que só com o melhor de cada um e de todos, pode florescer a Esperança de uma sociedade melhor. Mesmo em teletrabalho podemos construir um futuro melhor. Não é ansiar voltar ao que tínhamos. É ressurgir melhor. Melhor do que seria se não agirmos. A linha da frente, na saúde, na cadeia alimentar, nos serviços básicos e tantos outros, está a ter um comportamento exemplar nesta crise, com a ajuda das nossas forças armadas e de tantos outros voluntários.

Mas tiveram de ter novas soluções para os novos condicionamentos. Se falta equipamento essencial, faz-se, mas não se falta à chamada. E os restantes, como podemos ajudar? Uma sociedade melhor depende de todos. Não basta exigir que um inteligente e poderoso órgão supranacional ajude. É hora de fazer, mesmo que há muito queiramos reagir à mudança e às reformas essenciais.

O que seria da Justiça se, em vez de suspensa, reabrisse com menos atrasos, mais eficaz, com menos casos éticos internos, como o que assistimos mesmo antes deste vírus? Ressurgisse com soluções para os desafios que tem, soluções autopropostas e que são executadas com vontade e rapidez? Com transparência e apoio da sociedade.

E se os notários encontrassem soluções eficazes para quem precisa de escrituras? Mais baratas, com preços justos às circunstâncias que vivemos?

E se os líderes confiassem nas suas pessoas e os deixassem propor, ressurgir melhor?

E se os legisladores antecipassem as consequências desta crise e facilitassem a vida dos cidadãos para o que aí vem, em vez de burocratizar mais e mais? Aproveitassem para eliminar o que está mal, em vez de remendar.

E se nós merecêssemos confiança? E se em vez de pedir, oferecêssemos soluções? Como seria essa sociedade?

Os erros pagam-se caro, diz o nosso Povo com toda a sabedoria. Não vale a pena simplesmente temer a globalização, ou o nacionalismo, o vírus, ou a falta de protecção ao vírus. Vale a pena mudar para melhor, a bem de todos, logo que possível. Em todos os sectores da sociedade. A retoma da crise vai depender mais disso do que de qualquer decreto. Essa é a grande lição das outras crises.