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“As pessoas têm medo, até de um simples aperto de mão”. Portuguesa em Itália conta como se lida com o coronavírus

“Na zona de Milão, os supermercados estão completamente vazios e não se encontra máscaras de proteção facial em lado nenhum”, relata ao JE uma jornalista portuguesa que reside na zona da Toscana, perto de Florença, região onde, para já, tudo está tranquilo no que diz respeito a casos de coronavírus.
24 Fevereiro 2020, 15h34

“Em Itália, existe o receio de que o coronavírus se possa espalhar por todo o lado. Até de um simples aperto de mão as pessoas têm medo”. Margarida Rodrigues, jornalista e tradutora portuguesa radicada em Itália desde março de 2007, falou com o JE sobre o ambiente que se vive em Itália, numa altura em que o número de mortos através de coronavírus ja chegou às sete vítimas.

Um cordão sanitário foi instalado hoje à volta de 11 cidades do norte de Itália, o coração económico do país, para conter a disseminação do novo coronavírus, que já matou cinco pessoas no país.

O surto repentino de novos casos de coronavírus, passando de 6 para 219 o número de infetados em quatro dias, faz da Itália o país mais afetado da Europa e o terceiro do mundo depois da Coreia do Sul e da China.

O anúncio hoje feito da morte de um homem de 88 anos perto de Milão, na Lombardia (noroeste), aumentou o número de vítimas mortais para cinco, todas no norte do país: quatro na Lombardia e uma no Veneto (nordeste), todas idosas e que muitas vezes já sofriam de outras patologias. A primeira morte de um italiano – e a primeira de um europeu – foi anunciada sexta-feira numa vila perto de Pádua, em Veneto.

“Na zona de Milão, os supermercados estão completamente vazios e não se encontra máscaras de proteção facial em lado nenhum”, relata ao JE a portuguesa que reside na zona da Toscana, perto de Florença, região onde, para já, tudo está tranquilo no que diz respeito a casos de coronavírus.

A jornalista está atenta a alguns fenómenos que mostram a forma como os italianos estão a lidar com o surto de coronavírus. Na província de Grosseto, os padres foram aconselhados a ter algum cuidado na forma como distribuem a comunhão e a não fazê-la através da língua.

Crise já afetou bolsa de valores

O chefe da proteção civil italiana, Angelo Borrelli, procurou sossegar a população, dizendo que estão a ser tomadas todas as medidas relevantes para garantir a segurança das pessoas.

Esta crise já afetou a bolsa de valores de Milão, que estava em queda ao início da tarde de hoje.

Na Lombardia – a região mais afetada, com 167 casos – o metro de Milão circulava com carruagens meio vazias, numa cidade com museus, universidades, cinemas e teatros (incluindo o prestigiado La Scala) fechados

Como consequência desta alteração de rotinas citadinas, alguns supermercados milaneses já foram assaltados e o presidente da Câmara, Beppe Sala, pediu aos seus habitantes para ajudar a população mais vulnerável, incluindo os idosos.

“Temos certeza de que as medidas que tomámos impedirão a propagação do contágio”, garantiu o presidente do governo regional da Lombardia, Attilio Fontana.

Na Ligúria (noroeste), a celebração de eventos religiosos foi suspensa e apenas funerais e casamentos permanecem agendados, desde que destinados a pequenos grupos.

O governo da região de Veneto decretou no domingo a suspensão das festividades do famoso carnaval de Veneza – que deve terminar na terça-feira – além de eventos desportivos e o encerramento de escolas e museus.

 

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