“Em Itália, existe o receio de que o coronavírus se possa espalhar por todo o lado. Até de um simples aperto de mão as pessoas têm medo”. Margarida Rodrigues, jornalista e tradutora portuguesa radicada em Itália desde março de 2007, falou com o JE sobre o ambiente que se vive em Itália, numa altura em que o número de mortos através de coronavírus ja chegou às sete vítimas.
Um cordão sanitário foi instalado hoje à volta de 11 cidades do norte de Itália, o coração económico do país, para conter a disseminação do novo coronavírus, que já matou cinco pessoas no país.
O surto repentino de novos casos de coronavírus, passando de 6 para 219 o número de infetados em quatro dias, faz da Itália o país mais afetado da Europa e o terceiro do mundo depois da Coreia do Sul e da China.
O anúncio hoje feito da morte de um homem de 88 anos perto de Milão, na Lombardia (noroeste), aumentou o número de vítimas mortais para cinco, todas no norte do país: quatro na Lombardia e uma no Veneto (nordeste), todas idosas e que muitas vezes já sofriam de outras patologias. A primeira morte de um italiano – e a primeira de um europeu – foi anunciada sexta-feira numa vila perto de Pádua, em Veneto.
“Na zona de Milão, os supermercados estão completamente vazios e não se encontra máscaras de proteção facial em lado nenhum”, relata ao JE a portuguesa que reside na zona da Toscana, perto de Florença, região onde, para já, tudo está tranquilo no que diz respeito a casos de coronavírus.
A jornalista está atenta a alguns fenómenos que mostram a forma como os italianos estão a lidar com o surto de coronavírus. Na província de Grosseto, os padres foram aconselhados a ter algum cuidado na forma como distribuem a comunhão e a não fazê-la através da língua.
Crise já afetou bolsa de valores
O chefe da proteção civil italiana, Angelo Borrelli, procurou sossegar a população, dizendo que estão a ser tomadas todas as medidas relevantes para garantir a segurança das pessoas.
Esta crise já afetou a bolsa de valores de Milão, que estava em queda ao início da tarde de hoje.
Na Lombardia – a região mais afetada, com 167 casos – o metro de Milão circulava com carruagens meio vazias, numa cidade com museus, universidades, cinemas e teatros (incluindo o prestigiado La Scala) fechados
Como consequência desta alteração de rotinas citadinas, alguns supermercados milaneses já foram assaltados e o presidente da Câmara, Beppe Sala, pediu aos seus habitantes para ajudar a população mais vulnerável, incluindo os idosos.
“Temos certeza de que as medidas que tomámos impedirão a propagação do contágio”, garantiu o presidente do governo regional da Lombardia, Attilio Fontana.
Na Ligúria (noroeste), a celebração de eventos religiosos foi suspensa e apenas funerais e casamentos permanecem agendados, desde que destinados a pequenos grupos.
O governo da região de Veneto decretou no domingo a suspensão das festividades do famoso carnaval de Veneza – que deve terminar na terça-feira – além de eventos desportivos e o encerramento de escolas e museus.
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