A pressão da estrutura demográfica portuguesa, a subida das pensões mínimas e os sinais políticos que têm sido dados nos últimos anos, tornam cada vez mais provável que a dispersão das pensões de reforma venha a diminuir. Dito de outra forma, é de esperar que no futuro as pensões mais baixas subam, em termos relativos e absolutos, mas que haja tetos cada vez mais baixos nas pensões máximas a pagar pela Segurança Social. O intervalo entre a pensão mais baixa e a mais alta tenderá a diminuir.
Será quebrada, em cada vez mais casos, a ligação direta entre a carreira contributiva e as reformas a receber. Os que têm hoje salários mais altos, poderão ter pensões consideravelmente mais baixas do que os rendimentos atuais. “Problemas de ricos”, dirão alguns, mas esta situação poderá condicionar decisões salariais e de carreira profissional.
À medida que os trabalhadores compreenderem que os descontos que estão a fazer não reverterão totalmente a seu favor no futuro, deixará de haver o incentivo a construir uma carreira contributiva com valores mais altos e tentarão construir poupança por outras vias, que não obrigatoriamente pelos salários e descontos, colocando o sistema ainda em risco.