O Banco Nacional Suíço mantém, desde Janeiro de 2015, a mesma política monetária de taxas de juro negativas, mais concretamente cobrando uma taxa de 0,75% aos depósitos que recebe dos bancos a operar no mercado suíço.

Esta semana publicou estatísticas onde demonstra que os bancos suíços pagaram 970 milhões de francos suíços (cerca de 850 milhões de euros) durante o primeiro semestre de 2017 por realizarem depósitos no referido banco central, o que representa um crescimento de 40% face ao período homólogo. Este custo tem, certamente, um impacto significativo nos resultados dos bancos, que sabem que os seus clientes têm mantido mais de 1/5 das suas aplicações em produtos sem risco e de liquidez imediata.

A manter-se a política monetária de taxas de juro negativas, comum à Suiça, Zona Euro e Japão, implicará um acumular de prejuízos para os bancos, que não estão a imputar directamente esses prejuízos aos clientes, como fizeram no passado, quando as taxas de juro de referência dos Bancos Centrais eram positivas, e obrigará a que os bancos continuem uma política comercial que, no meu entender, só aumentará os custos e riscos para todo o sistema e participantes, nomeadamente para as próprias instituições e para os seus clientes.

Em primeiro lugar, os bancos estão cientes de que se começarem a cobrar juros pelos depósitos recebidos dos seus clientes, por forma a compensar os juros que pagam pelos depósitos realizados nos Bancos Centrais, perderão a confiança de uma parte significativa dos mesmos, e, como consequência imediata, esses clientes deixarão de utilizar não só o produto de aplicação sem risco mas, também, todos os restantes produtos e serviços que o respectivo banco lhes fornece ou que poderia, no futuro, fornecer. Ora, uma forte quebra de proveitos e, pior, um significativo levantamento de capitais que estavam depositados colocaria a própria actividade do banco em risco.

Estando o cenário acima descrito colocado, pelo menos por agora, de parte, só resta aos bancos a busca de uma maior eficiência na gestão dos recursos que têm disponíveis, tentanto, nomeadamente, aumentar os seus proveitos via aumento de comissões ou de spreads comerciais a aplicar aos seus clientes, investir em activos de maior risco procurando taxas de retorno superiores às actuais e convencer os seus clientes mais avessos ao risco a investir em produtos ou activos financeiros com mais risco por forma a tentarem obter um retorno superior ao que o banco lhes dá pelo depósito.

Em conclusão, a continuação das políticas monetárias de taxas de juro negativas, conforme já referi em outros artigos que escrevi no passado, actualmente apenas tem como consequência que os participantes no sistema financeiro continuem a assumir mais risco nos seus investimentos, pois a isso estão a ser obrigados se quiserem obter taxas de rentabilidade mais interessantes. As consequências desta realidade são absolutamente imprevisíveis e potencialmente catastróficas, estando em crer que serão vísiveis num futuro não muito longínquo.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.