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Assassínio de Khashoggi: Turquia leva 20 sauditas a tribunal

Entre os suspeitos da morte do jornalista estão dois associados próximos do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, acusados de instigar o crime. Enfrentam a prisão perpétua.
Recep Tayyip Erdogan
26 Março 2020, 07h20

A Procuradoria-Geral de Istambul acusou 20 cidadãos sauditas pelo assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, num grupo que inclui dois associados próximos do príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, acusados de serem os cérebros do crime. A acusação foi divulgada quase um ano e meio após a morte de Khashoggi, ocorrida no interior do consulado saudita em Istambul e cujo corpo, supostamente desmembrado, desapareceu sem nunca ser encontrado.

O promotor turco responsável pelo caso solicita sentenças de prisão perpétua para os 20 réus e emitiu um mandado de prisão internacional contra eles, além de solicitar que a Arábia Saudita os extradite, um pedido que também cuja notificação seguiu também para as autoridades relevantes da União Europeia.

Em comunicado, o Ministério Público de Istambul explica que chegou a estas conclusões após meses de investigação em que foram analisadas as ligações dos suspeitos e o conteúdo dos telefones, computadores e tablets de Khashoggi. O consulado saudita, a residência do cônsul, os quartos de hotel onde os suspeitos ficaram e os veículos usados foram revistados e mais de cinquenta pessoas foram denunciadas.

Dezoito dos acusados ​​são acusados ​​de cometerem “assassínio premeditado com a intenção de causar sofrimento à vítima”. Entre eles estão os 15 sauditas expressamente enviados do país para de origem para realizar o assassinato, bem como três funcionários do consulado, incluindo o cônsul geral da Arábia Saudita.

Os outros dois são acusados ​​de “planear e instigar” o crime. São eles o ex-vice-chefe dos serviços secretos, Ahmed al Asiri, considerado muito próximo a Bin Salman, e Saud al Qahtani, que dirigiu a área de comunicação da corte real saudita – que compreende mecanismos online para defender a imagem do reino e atacar os seus inimigos em potencial no ciberespaço.

Em dezembro passado, a Arábia Saudita anunciou que, num julgamento fechado ao público, impôs a pena de morte a cinco pessoas e penas de prisão num total de 24 anos a três outros indivíduos relacionados com a morte de Khashoggi, embora não tenha divulgado os nomes dos condenados. Ahmed Al Asiri havia sido absolvido por falta de provas e Al Qahtani nem sequer havia sido processado, apesar de ter sido removido do lugar que ocupava.

Um relator da ONU para execuções extrajudiciais, Agnes Callamard, disse em junho passado que havia provas suficientes para culpar do assassinato o príncipe herdeiro e outros altos oficiais do reino. Após uma viagem à Turquia com uma equipa de três médicos legistas em janeiro do ano passado, Callamard disse que encontrou “evidências” de que Khashoggi foi “vítima de um assassinato brutal e premeditado, planeado e perpetrado por autoridades estatais da Arábia Saudita”. Callamard apelidou de “antítese da justiça” e de “ridículo” o julgamento acontecido na Arábia Saudita.

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