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Associação de Municípios Ribeirinhos do Douro alerta para risco de Iberdrola ficar com a supremacia do rio

A Iberdrola já tem 20 barragens no Douro e quer comprar mais seis à EDP. Fonte oficial da EDP disse à Lusa, que a empresa “não faz comentários sobre a venda dos ativos em curso”.
5 Dezembro 2019, 01h57

O presidente da Associação Ibérica de Municípios Ribeirinhos do Douro (AIMRD) mostrou-se “preocupado” com a possível venda das barragens portuguesas situadas no Douro Internacional à Iberdrola, qualificando a operação como “prejudicial” para a economia deste território nacional.

“O que nos tem chegado do lado espanhol é que este negócio está bastante avançado. Já do lado português, também temos essa informação de que há avanços nesta matéria”, frisou o responsável. Ao longo dos 112 quilómetros do seu troço internacional, o rio Douro tem as barragens de Miranda do Douro, Picote e Bemposta (Portugal) e Castro, Aldeadávila e Saucelle (Espanha).

“Sendo o setor da energia estratégico para a economia da região de fronteira e para o controlo do caudal do rio Douro, aquilo que nos preocupa é a intenção da vendas das barragens de Miranda do Douro, Picote (Miranda do Douro) e Bemposta (Mogadouro), que são ativos importantes para economia deste território e país”, disse à Lusa Artur Nunes.

O também autarca de Miranda do Douro frisou que já foi pedida informação à EDP sobre a venda das barragens no Douro Internacional e para a qual “ainda não foi dada qualquer resposta”.

Fonte oficial da EDP disse à Lusa, que a empresa “não faz comentários sobre a venda dos ativos em curso”. “O processo está a decorrer. A empresa conta fechar o processo em curso até ao final de 2019, início de 2020”, concretizou a mesma fonte, ligada à empresa elétrica portuguesa.

Outra das preocupações manifestadas passa pelo futuro dos trabalhadores que prestam serviço nas barragens de Miranda do Douro, Picote e Bemposta, caso a venda destes “ativos estratégicos para o Douro Internacional se concretize”.

O autarca de Miranda do Douro, que é também o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) das Terras de Trás-os-Montes, considera que o setor “é uma preocupação a nível nacional, sendo importante a intervenção do Governo”.

“Fala-se no desenvolvimento dos territórios de fronteira. Fala-se muito em cooperação transfronteiriça e depois não há interesse do Estado português e da EDP nestas três barragens. Isto leva-me a questionar qual é valor do setor estratégico da energia e a importância das regiões transfronteiriças num contexto económico e social”, concretizou o presidente da AIMRD.

“Desde a década de 50, do século passado, que o setor da energia no Douro Internacional era estratégico para Portugal. Nessa altura, já havia o interesse dos espanhóis no controlo das águas do rio Douro internacional, ao nível da produção de energia. Contudo, falta-nos, em toda a linha, informação sobre incentivos ou mais-valias para os municípios com barragens [Miranda do Douro e Mogadouro] caso o negócio siga em frente”, afirmou Artur Nunes.

Com 20 barragens na bacia do Douro em território espanhol – em Espanha a empresa espanhola tem 74 barragens com uma capacidade total de 9.716 MW – a Iberdrola está agora na corrida à compra das seis barragens que a EDP decidiu vender, umas no Douro Internacional e outras no Douro português.

No rio Tâmega vai nascer até 2023 um sistema eletroprodutor com três novas barragens (cerca de 1200 MW), num investimento de 1.500 milhões de euros da Iberdrola, revela a imprensa.

 

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