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Associação Rewilding Portugal contesta projeto da central fotovoltaica Sophia

“Embora reconheçamos a urgência e a importância da transição energética, consideramos que o projeto em causa não cumpre critérios mínimos de sustentabilidade territorial, ecológica e social”, referiu a associação ambientalista, em comunicado enviado à agência Lusa.
19 Novembro 2025, 10h14

A associação ambientalista Rewilding Portugal manifestou hoje oposição à instalação da central solar fotovoltaica Sophia, já que projeto representa um modelo de artificialização do território incompatível com os princípios de conservação, restauro ecológico e coesão territorial.

“Embora reconheçamos a urgência e a importância da transição energética, consideramos que o projeto em causa não cumpre critérios mínimos de sustentabilidade territorial, ecológica e social”, referiu a associação ambientalista, em comunicado enviado à agência Lusa.

A central solar fotovoltaica Sophia abrange os municípios do Fundão, Idanha-a-Nova e Penamacor, no distrito de Castelo Branco e representa um investimento de 590 milhões de euros, para uma capacidade de 867 MWp (Megawatt pico).

A Rewilding Portugal disse que foram revelados impactos significativos e irreversíveis sobre ecossistemas de elevado valor, sobre a paisagem rural da Gardunha e sobre comunidades que têm vindo a investir na regeneração ecológica e no turismo de natureza.

“Entendemos por isso que o projeto Sophia não representa uma transição energética justa, mas sim um modelo de artificialização do território incompatível com os princípios de conservação, restauro ecológico e coesão territorial”.

Os ambientalistas assentam a sua tomada de posição na análise detalhada dos dados oficiais do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e na avaliação dos riscos ecológicos, sociais e territoriais que o projeto representa para os concelhos do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova, com impactos significativos e irreversíveis para os ecossistemas locais, para a paisagem, para as comunidades daquela região e para o modelo de desenvolvimento sustentável do território.

“A falta de transparência neste processo é um aspeto grave que já devia sido endereçado mais cedo. A falta de clareza quanto às origens e intenções do investimento suscita dúvidas legítimas sobre o seu enquadramento estratégico e ambiental”.

A associação adiantou ainda que rejeitar este projeto não significa rejeitar a energia solar, mas antes exigir planeamento responsável, transparência e justiça ecológica.

Argumentou também que existem muitas outras áreas já artificializadas, abandonadas após uso e intervenção humana, ou mesmo a cobertura de edifícios públicos e outras faixas, que permitiriam a produção desta energia sem implicar a destruição de habitats e a criação de uma monocultura tecnológica.

“Exista coragem para tomar essas decisões, porque centrais solares de grande escala, se mal localizadas, substituem ecossistemas vivos por superfícies mortas, criando desertos ecológicos num país que precisa de se renaturalizar, reconetar e restaurar”.

Os ambientalistas propuseram ao Governo e às entidades competentes que promovam o mapeamento de áreas artificializadas disponíveis para este tipo de instalações, incentivos fiscais robustos à colocação de painéis em edifícios públicos, logísticos e industriais, e a criação de um programa de Transição Energética com Natureza, que assegure que cada megawatt produzido contribui também para restaurar ecossistemas, e que é produzido sem os colocar em causa.

“Perante os factos expostos e a gravidade dos impactos reconhecidos pelo próprio EIA, a Rewilding Portugal apela à rejeição integral do projeto Sophia e das Linhas de Muito Alta Tensão (LMAT) associadas”.


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