Eis a percentagem mais recente a afetar as relações comerciais entre os EUA e os restantes países do mundo. A aplicação de 25% sobre todas as importações de automóveis para os EUA traz consigo a confirmação da alteração do comércio mundial de bens.
Os serviços, por ora, ficam fora destes pacotes de tarifas, até porque os EUA são excedentários, tendo em conta que as maiores capitalizações bolsistas, Microsoft, Amazon, Alphabet, são ainda dominantes e que a Europa não tem alternativas no curto prazo.
Mas o escalar das tarifas, associado às mensagens conhecidas, partilhadas na rede Signal, são ilustrativas da mudança de opinião dos parceiros históricos europeus e obrigam a uma mudança na Europa que, bem aproveitada, pode determinar um novo ciclo de crescimento e inovação europeia, que até agora tem procurado outros países com melhor fiscalidade.
A conjugação de necessidades de investimento em defesa, inovação, cadeias de abastecimento europeias, telecomunicações terrestres e no ar, da preocupação com o espaço em conjugação, por exemplo, com a Índia ou o Japão, de investimento em minas, determinando a independência de matérias-primas, corresponde ao início de um ciclo de expansão que irá, certamente, ao encontro das expectativas dos mais jovens.
A Europa não tem dado esperança, nem perspetivas de crescimento e, tal como nos mercados, tem sido penalizada. Uma empresa que não cresce, negoceia com múltiplos mais baixos do que uma empresa em franco crescimento – foi o que aconteceu com as bolsas europeias que transacionaram na última década a múltiplos muito mais baixos do que as americanas.
Esta situação está a mudar. Desde fevereiro, quando esta nova política de tarifas começou a ser vislumbrada, que os investidores estão a vender ativos americanos e a diversificar por outras geografias, como a Europa, Índia e China.
Seria importante a Europa, neste seu próximo ciclo, não esquecer o Norte de África, ainda pouco falado, pois pode ser uma fonte de crescimento e, ao mesmo tempo, de estabilização económica local.
A refletir esta nova realidade, o ouro continua a atingir máximos históricos. A incerteza causada pelas tarifas, a compra por parte da China, Índia ou Polónia, que visam diversificar as suas reservas, e finalmente a desvalorização do dinheiro são os principais catalisadores.
Os EUA, apesar dos muitos cortes que possam fazer, irão continuar a ter défices superiores a um trilião de dólares, e a Europa terá de emitir dívida para financiar o que será o seu ciclo de crescimento dourado. Quanto mais dinheiro circular, menos vale, e é por essa razão que a inflação nos irá acompanhar na próxima década. Atenção aos 25%. Na realidade, são uma oportunidade de ouro. Há que aproveitar!