A Associação Nacional de Laboratórios Clínicos (ANL) realizou o ‘Inquérito aos Prazos de Recebimento’ aos laboratórios seus associados sobre os prazos de pagamento das 39 Unidades Locais de Saúde (ULS) no primeiro semestre de 2024, e verificou que os laboratórios clínicos do setor convencionado declararam que o prazo médio de recebimento global situou-se em 64 dias, entre janeiro e junho deste ano.
“Os atrasos nos pagamentos estão na ordem dos 64 dias e representam um constrangimento à prossecução das estratégias empresariais, segundo 60% dos laboratórios de análises clínicas inquiridos”, revela o estudo que acrescenta que 25% dos laboratórios registam atrasos consideráveis. “Embora 75% dos laboratórios recebam num prazo inferior a dois meses, existem casos extremos que estão a ameaçar a sustentabilidade financeira do setor convencionado”.
Em 15 ULS, o atraso nos pagamentos foi superior a 60 dias, sendo que em quatro destas unidades, o prazo de recebimento superou os 90 dias.
O inquérito, que contou com uma taxa de resposta representativa de 74% do volume de negócios dos associados da ANL, revela informações sobre os desafios financeiros enfrentados pelos laboratórios convencionados em todo o país, entre janeiro e junho de 2024, assim como o impacto direto que os mesmos têm na sustentabilidade financeira e operacional do setor.
O estudo revela que no primeiro semestre, o maior prazo médio observado atingiu os 165 dias, com picos até 605 dias (quase 2 anos), “o que é alarmante” e que “quase metade dos laboratórios (45%) chegou mesmo a reportar mais de 120 dias de atraso nos pagamentos”.
A análise dos prazos médios de recebimento por entidade revela disparidades significativas, atingindo uma média geral de 66 dias. Contudo, algumas Unidades Locais de Saúde (ULS) destacam-se devido a mais de 90 dias de atraso nos pagamentos, nomeadamente a ULS do Nordeste (146 dias), a ULS do Baixo Alentejo (103 dias) e a ULS da Guarda (98 dias).
“Este cenário influencia diretamente os fluxos de caixa, com 35% dos laboratórios a afirmar que os prazos de recebimento têm um impacto significativo ou elevado nas suas finanças, contrastando com apenas 15% que indicam sofrer um impacto ligeiro ou nulo”, segundo o inquérito.
Cerca de 50% dos laboratórios associados consideram os prazos praticados no mercado inadequados, apelando para a importância de ser realizada uma revisão das políticas de pagamento em vigor, revela a análise da associação.
Os resultados do ‘Inquérito Semestral aos Prazos de Recebimento’ da ANL, revelam também que os problemas não se limitam ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A ADSE, com prazos médios de 120 dias, empresas de medicina do trabalho e serviços sociais de entidades públicas, como a PSP, também apresentam desafios significativos no cumprimento dos prazos de pagamento.
No geral, as conclusões do inquérito da ANL “expressam uma profunda preocupação dos laboratórios clínicos privados no que diz respeito à sustentabilidade financeira do setor, com pequenos laboratórios a enfrentar o risco iminente de rutura devido aos atrasos nos pagamentos”.
“O recurso a soluções como factoring ou outras soluções de cedência dos créditos a instituições financeiras torna-se necessário, acarretando custos financeiros não refletidos nos preços de venda”, alerta a associação.
De acordo com os laboratórios inquiridos, “é urgente rever as políticas de pagamento, de forma a reduzir o prazo para 30 dias, mas também importa rever os preços com base na inflação”.
Para a ANL, os resultados do relatório são alarmantes e reforçam a importância de abordar os atrasos nos recebimentos, com o intuito de zelar pela sustentabilidade do setor.
Este inquérito será realizado semestralmente, permitindo, assim, acompanhar a evolução dos prazos de recebimento e tomar medidas proativas.
“Os laboratórios clínicos desempenham um papel crucial no sistema de saúde português, pelo que a sua estabilidade financeira é crucial para manter a qualidade e a inovação nos serviços prestados. Neste sentido, a ANL exorta a todas as entidades ao cumprimento dos prazos legais e máximos de pagamento”, apela a associação.
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