O desafio de transformação do papel de auditoria interna, num contexto de crescente digitalização dos modelos de negócio, tem impulsionado a adoção de abordagens de auditoria continua nas Instituições, enquanto “ferramenta” chave de execução e monitorização de um volume significativo de controlos frequentes e solução de libertação de recursos humanos para atividades do plano de auditoria que exijam espírito crítico e julgamento.
A “Auditoria contínua” caracteriza-se pela execução de atividades de auditoria de forma constante e com monitorização centralizada, constituindo uma modalidade de acompanhamento das Instituições cuja importância anda (ou deveria andar) de mãos dadas com o nível de digitalização da atividade.
A crescente tendência de digitalização dos modelos de negócio, tem resultado na automatização de processos e controlos associados, bem como numa migração de clientes bancários de “balcões Físicos” para os “balcões digitais”, o que potencia a utilização da auditoria contínua no seio das Funções de Auditoria Interna.
A implementação de processos e mecanismos de auditoria contínua, assentes em soluções tecnológicas ajustadas às necessidades da Instituição, permite, um controlo mais rigoroso, tempestivo e automatizado, potenciando a libertação de recursos para outras iniciativas. Deste modo, a auditoria contínua emerge não só como uma “ferramenta” chave para assegurar a execução e monitorização de um volume significativo de controlos frequentes, mas também como “agente libertador” de recursos humanos para atividades do plano de auditoria que exijam espírito crítico e julgamento.
Se é verdade que a auditoria contínua apresenta desafios, como, por exemplo, a necessidade de (re)calibração frequente dos alertas definidos para identificação contínua e direcionada de potenciais problemas, minimizando o volume de “falsos positivos”, também não é menos verdade que se apresenta como fator diferenciador e vantagem competitiva da Função de Auditoria Interna dentro e para a Instituição, na medida em que permite uma maior cobertura, flexibilidade e tempestividade na (1) identificação e revisão dos riscos e, consequentemente, atualização do plano de auditoria, (2) atuação tempestiva junto das áreas, nomeadamente dos balcões, para resolução de problemas e reforço contínuo do ambiente de controlo interno (3) comunicação aos órgãos de gestão e de fiscalização. Por outro lado, também confere maior abrangência à visão dos departamentos de auditoria interna ao permitir olhar para o todo (i.e. análise do universo) em detrimento das partes (i.e. análise de em “amostras”).
A auditoria contínua vem se assumindo como um mecanismo de acompanhamento contínuo que reforça a capacidade de assurance 3ª Linha de Defesa e cuja eficácia e eficiência podem ser maximizadas através de ferramentas de data analytics, enquanto drivers de otimização de recursos e aumento do valor aportado para a Instituição.