Creio que é importante complementar esta compensação pela subida do SMN com incentivos ao aumento da produtividade e da competitividade, dois indicadores com os quais a questão salarial se relaciona diretamente.
A opção do Governo por medidas temporárias é legítima e prudente. Mas creio ser possível, e desejável, dar maior amplitude aos incentivos à atividade empresarial. Para momentos excecionais, exigem-se medidas também elas excecionais.
O que se poupa hoje no apoio às empresas será gasto amanhã em subsídios de desemprego, prestações sociais, verbas para equilibrar a Segurança Social e processos de recuperação de créditos.
Muitas empresas apostaram na inovação e no desenvolvimento de novos produtos, mas ainda estão fragilizadas. Importa por isso criar um novo quadro de apoios e incentivos para que o fim da segunda vaga seja, de facto, o início da retoma.
Estou convencido de que o orçamento poderia ir mais longe nos estímulos ao crescimento económico, sem comprometer o esforço social e o equilíbrio das contas públicas.
Compreendem-se as cautelas do Governo. Mas esperar-se-ia que os novos fundos europeus compensassem a falta de bazuca do Estado português, e isso parece não estar a acontecer.