O pior de todos os préstimos para os quais se usou o caso Robles foi para abrir de par em par as portas ao imoralismo, defendendo que, além do seu desempenho estritamente político, tudo o que os políticos façam ou deixem de fazer é politicamente irrelevante.
Os paralelismos entre Portugal e Grécia não têm nada de obsceno. O que é obsceno é associar resgates a incêndios para, sobre uma coincidência, montar um juízo de culpa que atinge portugueses e gregos.
Há uma dimensão do problema a montante, de que também os media são reflexo, e que consiste numa intolerância crescente, que já não é apenas religiosa ou cultural, mas intolerância ao mínimo sacrifício do nosso estilo de vida em prol de outros.
A autonomia universitária devia, em primeiro lugar, ser uma cultura de autonomia, de repúdio da cultura de governação e de financiamento que tem estado em exercício. Assim, não dá.
Pensámos demasiado o ser-se vítima da maneira como um homem branco seria vítima. Mas há formas de ser vítima que as maiores vítimas sofreram, tendo, no entanto, sido espoliadas da possibilidade de se conceberem dessa maneira.
Falhar-nos a autonomia no momento do fim da vida é trair-nos a vida inteira. Se esta escolha é tão central e absolutamente inviolável para uns não é razoável que o deixasse de o ser para outros.