Para a Europa, manter canais abertos com Moscovo não é um gesto de condescendência, mas uma necessidade estratégica. Isolar a Rússia é, em última instância, isolar-se das novas dinâmicas do século XXI.
Num sistema internacional caracterizado pela competição estratégica aberta e pela fragmentação de poder, a hesitação é um luxo que a Europa já não pode se permitir.
A verdadeira mudança não está apenas na ascensão da China. Está na transformação do próprio caráter norte-americano. E o mundo — Europa incluída — precisa ajustar seus olhos e sua bússola.
Washington insiste em preservar a hegemonia, num vale-tudo, num mundo que já não existe, enquanto a Europa, sem projeto próprio, arrisca tornar-se mero apêndice de um sistema em transformação.
As três lições da Guerra da Ucrânia evidenciam a ascensão da ‘realpolitik’, na qual factos e interesses estratégicos prevalecem sobre discursos e suposições.