A América não perdeu o poder militar nem a capacidade financeira, mas perdeu a narrativa. E é essa narrativa que hoje a China oferece ao mundo: a promessa de desenvolvimento, de respeito pela soberania e de presença constante, sem exigências e interferências políticas.
No fim, talvez a história registe esta viagem não como a defesa heroica de Kiev, mas como a consolidação de um padrão: o de uma Europa que paga a reconstrução americana, que aceita ditames estratégicos exteriores e que se resigna ao papel de bloco económico subalterno.
A nova NATO, embora vestida com os trajes do multilateralismo, é cada vez mais um clube de compradores. E a Europa, sem narrativa estratégica, tornou-se o cliente ideal: rico, culpado e sem exigências.
Para Netanyahu, o ataque em solo iraniano foi uma demonstração de força. Mas para Donald Trump, agora de novo Presidente dos EUA, foi um lembrete incómodo de que mesmo os aliados mais próximos podem complicar estratégias delicadas.
A Europa é um gigante económico sentado num banco de areia. Tem pernas, mas afunda‑as em debates internos e mecanismos de decisão lentos, obsoletos para tempestades políticas.
O argumento de que “Israel está apenas a defender-se” tornou-se insustentável. Não porque o direito à defesa não exista, mas porque esse direito não pode incluir fome, destruição sistemática e ataques a campos de refugiados.