Talvez devêssemos pensar que aqueles senhores na AR nos representam, quer queiramos quer não, e que não é suposto aquele hemiciclo transformar-se num grotesco espectáculo de ‘stand-up comedy’ ou num ringue de boxe.
É certo que, para além do mediatismo de alguns casos, aptos a transformar qualquer cidadão num juiz de caserna, ninguém se preocupa realmente com a Justiça, parente pobre de outros pilares do Estado.
Enquanto somos compelidos a ver sucessivas imagens da guerra, parecendo que nada se passa neste país ou nos demais, o que não nos dizem é que a crise está aí.
As imagens [na Ucrânia] falam por si e, se há coisas que as mesmas nos trazem, são, de um lado, uns heróis anónimos e, por outro, a profunda desonra não apenas dos que matam acriticamente como dos que deixaram que tal sucedesse.
O espaço que, antes, era reservado à cultura foi ocupado por mensagens instantâneas nas redes sociais ou por programas ditos da vida real. O preço que estamos a pagar é o da bestialização da espécie humana, repleta de ‘high tech’ mas completamente desprovida de princípios básicos.