Sofia Vale, Economista, Professora do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa

O desempenho das economias emergentes foi relativamente positivo, caindo apenas 2,4% em média, metade do valor previsto para o mundo avançado. A manterem-se as dinâmicas atuais, a ordem económica mundial poderá entrar numa nova fase.

A educação aumenta o acesso a informação útil, está relacionada com melhores níveis de saúde, maior participação democrática e maior capital social. Responder à pandemia não pode pôr em causa o motor do progresso futuro.

No rescaldo dos primeiros resultados da crise, é um dado adquirido que a chave da recuperação é o recurso a políticas orçamentais e fiscais massivas, articuladas com a intervenção da política monetária não-convencional do BCE.

A exigência de remeter a população ao seu pequeno universo de abrigo – a casa e sua vizinhança – enquanto se encurtava a distância digital para manter uma atividade produtiva dominada pelo setor dos serviços, foi apanágio da pandemia. Chegar muito longe, sem poder sair do muito perto, teve o efeito de encaminhar o capital para setores estratégicos onde as tendências de concentração eram já evidentes.

A desigualdade é a maior ameaça recente ao crescimento económico. Para recuperar um ritmo de crescimento sustentado será necessário retomar os princípios do ‘Welfare State’, colocando a correção da desigualdade em primeiro plano.

O balanço entre economia e saúde é delicado, mas um setor de saúde robusto requer uma economia forte. Deixar ruir a economia hoje, pagar-se-á a prazo com o colapso da saúde.