Nos últimos anos, perante o crescente número de alterações nos modelos de negócio, contexto regulamentar, desenvolvimento tecnológico, e evolução das expectativas do stakeholders sobre a atividade financeira, a Função de Auditoria Interna (FAI) assumiu um papel relevante ao nível da transformação de responsabilidades, estruturas e atividades, tendo em vista o reforço da avaliação independente do governance, da gestão de riscos e do controlo interno das instituições, enquanto 3ª linha de defesa.

A avaliação da atividade de auditoria interna – através do Quality Improvement Program Review – e o reforço contínuo da qualidade do trabalho desenvolvido pela FAI, à luz dos requisitos regulamentares do Banco de Portugal (Aviso n.º 5/2008 e consulta pública nº1/2020), da EBA (European Banking Authority – Guidelines 11/2017 e 12/2007) e standards do IIA (Institute of Internal Auditors), constituem mecanismos chave de aferição do grau de eficiência e eficácia da FAI, bem como na identificação de oportunidades de melhoria, inovação e transformação futura.

Esta avaliação inclui: a avaliação interna contínua (Ongoing Assessment) e o exercício de auto-avaliação periódica (Periodic Self Assessment) com validação independente, bem como a avaliação externa independente, desenvolvida por entidades independentes, realizada através do QAR (Quality Assurance Review).

O QAR deve ser realizado a cada 5 anos, por um avaliador qualificado e independente ou por uma equipa externa à instituição, considerando os seguintes aspetos principais: Governance (Mandato e Propósito), Pessoas (Equipa, Estrutura, Competências, Desenvolvimento e Expertise) e Infra-estrutura de operações (Metodologia, Tecnologia, Gestão do Conhecimento, Reporting e Qualidade), avaliando a maturidade e a conformidade com os standards de referência do IIA, bem como os requisitos regulamentares do Banco de Portugal e da Autoridade Bancária Europeia (EBA).

A avaliação deve atentar à dimensão, estrutura e composição da instituição, e procurar obter uma avaliação 360º, com recurso à realização de entrevistas aos elementos do Departamento de Auditoria e principais stakeholders, realização de questionários online aos variados interlocutores, recolha e análise de documentação relacionada com o exercício da Função (p.e. programa de auditoria, metodologias, working papers), avaliação de adequabilidade do contexto tecnológico e de recursos humanos afetos à FAI.

Este processo de diagnóstico constitui uma oportunidade ímpar de adaptação, flexibilização e transformação contínua da FAI, bem como a melhoria de performance e standards de qualidade, face aos desafios crescentes e dinâmicos do negócio e expectativas dos seus stakeholders, por via da maximização do capital humano, confirmação de adequação de abordagens metodológicas e contexto tecnológico ao dispor da FAI com vista à criação/proteção de valor para a instituição.