António Costa vai passar dois dias na Arena de Portimão com a sossegada e reconfortante certeza de que não terá de virar o polegar para cima ou para baixo. Afinal, as hipóteses de presenciar combates, ainda que só verbais, não andam muito distantes do zero.

Chegado ao 23.º Congresso do PS após um breve período de férias, o político que fez saber ao “Expresso” que não hesita em “recorrer à química necessária” para dormir mais do que o mínimo de quatro horas – revelando insónias comparáveis às de há muito conhecidas ao Presidente da República – informou que só decidirá em 2013 se volta a candidatar-se a secretário-geral e primeiro-ministro, após consultar mulher e partido.

Mas poucos serão aqueles que duvidam de que contarão nas próximas legislativas com o líder que se mostra capaz de unir socialistas de (quase) todos os feitios e manobrar “parceiros parlamentares” com a mesma mestria com que contribui para que o PSD demore a voltar a ser mais do que o partido que só chegou ao poder em duas ocasiões desde os idos de 1995.

Perante uma figura tão incontornável dentro do PS, àqueles que alimentam a vontade de um dia lhe suceder – por ambição pessoal, para alterar a economia e sociedade ou até por receio do que outros possam fazer se lá chegarem – restará pouco mais do que esperar. A arena de Portimão servirá sobretudo para saudar uma linha que tem resultado e mais resultados promete, através de nova vitória nas eleições autárquicas, de nova viabilização do Orçamento do Estado e de novas chegadas de fundos comunitários de uma Comissão Europeia que, face a uma crise não atribuível a maus hábitos sulistas, optou por substituir austeridade por recuperação e resiliência.

Todos os possíveis sucessores de Costa presentes em Portimão têm os seus próprios desafios pela frente: a TAP para Pedro Nuno Santos, a disputa de Lisboa para Fernando Medina, a coordenação do Governo para Mariana Vieira da Silva e a (menos desafiante) iniciativa parlamentar para Ana Catarina Mendes. Outro congresso haverá para eles, ainda que não necessariamente o próximo.