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Babyblue apresenta pedido de insolvência e deixa centenas de pais lesados

As quatro lojas da empresa – que vende carrinhos de bebé, por exemplo – em Lisboa, Porto, Braga e Coimbra fecharam há uma semana. Os contactos telefónicos não funcionam, e o site e redes sociais estão em baixo. Entre os credores, encontram-se quatro bancos. Vários lesados revelam ao JE o drama de ficarem sem produtos de que os seus bebés tanto necessitam.
25 Fevereiro 2023, 20h05

A Babyblue apresentou um pedido de insolvência e deixou centenas de pais sem produtos, como carrinhos de bebés, a poucas semanas dos seus nascimentos.

A empresa – que vendia principalmente carrinhos de bebés – tinha uma loja online e quatro lojas físicas em Lisboa, Porto, Coimbra e Braga, que estão todas fechadas há uma semana.

Conforme apurou o JE, a empresa não tinha em stock muitos dos produtos que vendia. Quando os clientes queriam fazer uma encomenda, tinham de deixar um sinal de 50% do valor total. O restante seria pago quando os produtos chegassem à loja. Entre as encomendas feitas, sinais pagos e o fecho das lojas, muitos pais ficaram sem os seus produtos. Muitos estão à espera dos seus bebés nascerem nas próximas semanas, enquanto outros têm bebés um pouco mais crescidos e que precisam do carro de passeio ou da cadeira de refeição.

O pedido de insolvência da Babyblue – Comércio de Artigos Para Bebé e Criança, Unipessoal Lda deu entrada a 19 de fevereiro no juízo de comércio de Vila Franca de Xira. A ação tem um valor de 300 mil euros. Como credores, tem o Bankinter, a Caixa Económica Montepio Geral, a Caixa Geral de Depósitos, a Lisgarante – Sociedade de Garantia Mútua, Dorel Portugal e o BCP.

Nas redes sociais, os pais já se organizaram e criaram o grupo Lesados Lojas Baby Blue que conta com 180 membros no Facebook. Segundo a informação disponível nesta página, os contatos telefónicos da empresa estão todos indisponíveis, e as redes sociais e o site estão em baixo, à exceção do TikTok.

A Babyblue foi criada em 2011 e conta com um capital social de cinco mil euros, com sede em Santo António dos Cavaleiros.

Uma das lesadas é Inês Sardo, que tem um bebé de um ano e meio. No dia 4 de fevereiro, deslocou-se à loja de Coimbra e encomendou um carro de passeio e uma cadeira para o carro. O prazo de entrega ficou estipulado no espaço de uma semana. A empresa exigiu-lhe logo o pagamento completo da encomenda: 390 euros.

“Fiquei à espera de contacto e não voltei à loja. No início desta semana tentei ligar e os contatos já estavam todos desligados”, explica ao JE. “Já fiz queixa no livro de reclamações online e no Portal da Queixa. Já fui à polícia, mas eles não sabem bem como” enquadrar este tipo de queixa. A lesada saiu da esquadra com uma recomendação: “entrar em contacto com um advogado por ser uma queixa civil”.

“Em 2021, comprei tudo para o meu filho lá e o funcionamento estava bom. Por isso voltei lá. A verdade é que não contava com nada disto”, acrescenta.

Sobre o facto de continuar a precisar destes produtos, diz que tem “urgência” para comprá-los mas que não tem o “dinheiro de momento”.

Outra lesada é Ana Ferraz, grávida de 32 semanas. A  2 de janeiro deslocou-se à loja de Coimbra para comprar um carrinho de bebé, mais alcofa e uma cadeira para o automóvel. No ato da encomenda, disseram que podia pagar 50% ou a totalidade e preferiu pagar logo integralmente: 615 euros.

“Quando fiz a compra falaram em atraso dos fornecedores de três/quatro semanas”. No entanto, só contactaram a cliente a 11 de fevereiro para dizer que ainda não tinham chegado todos os produtos, faltando ainda o ovo. Entretanto as lojas fecharam e as encomendas não chegaram. Agora, “infelizmente” vai ter de voltar a gastar mais dinheiro para comprar um conjunto a poucas semanas do nascimento da criança: “mas se calhar terei que optar por um mais barato por questões financeiras”.

Ana Ferraz disse que está a tentar junto do banco “recuperar a transação”. Deslocou-se a uma esquadra da polícia e disseram-lhe que como tinha sido “recentemente”, “não valia a pena” apresentar queixa, porque ainda só tinha sido feito o pedido de insolvência.

O JE falou com outra lesada: Catarina Freitas, com um bebé de cinco meses. A encomenda de uma cadeira de refeição foi feita na loja da Braga a 10 de fevereiro. Pagou 50% da encomenda, 60 euros, e uns dias depois ligaram-lhe a dizer que a encomenda já tinha chegado. “Mas quando me dirigi à loja, já se encontrava fechada e com um aviso”. Sem a encomenda, vai ter de gastar mais dinheiro para comprar uma cadeira de refeição: “porque o meu bebé entretanto começa a comer”.

Outro dos lesados é Pedro Castro que comprou carrinho e cadeira do carro em meados de janeiro na loja de Lisboa, tendo pagado mais de 700 euros. “Paguei a totalidade da encomenda e foi-nos indicado uma opção de envio para nossa casa. Como passado um mês não disseram nada, íamos à loja, mas entretanto vimos as queixas de clientes no Facebook”.

Sobre queixas ou reclamações, este lesado disse que está agora à espera do processo de insolvência e que só depois vai avançar com advogados.

Agora, já está a pensar em voltar a gastar centenas de euros para comprar um novo conjunto “Se não tiver uma soluções em breve terei de pensar noutras possibilidades”. O seu bebé nasce daqui a três semanas.

O Jornal Económico já pediu uma reação à sociedade de advogados que representa a Babyblue.

 

Aviso na loja de Lisboa no Parque das Nações

Avisos de tentativas de entregas na loja de Lisboa no Parque das Nações. Um deles datado de 20 de fevereiro.

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