A Bain & Company publicou o Relatório Global de M&A 2025, onde antecipa que os dois maiores fatores inibidores das operações no passado recente – taxas de juros e desafios regulatórios – vão perder peso em 2025.
A consultora defende que em 2024, a nível global o valor das operações de M&A (Fusões e Aquisições) foi de cerca de 3,5 biliões de euros (+13% face a 2023) e, em Portugal, foi de cerca de 2,69 mil milhões (ou seja, -41% que um ano antes).
“Depois de três anos de atividade contida a nível mundial, 2025 poderá ser o ano de viragem do mercado de fusões e aquisições (M&A)”, refere o Relatório Global de M&A 2025.
Os dados agora consolidados das operações de M&A em 2024 apontam também para um crescimento de 9% do volume de operações.
Em Portugal foram registadas 16 operações de valor superior a 30 milhões de euros, o que traduz uma descida de 16%.
O valor operações de M&A que partiram de empresas portuguesas com target em empresas de outras geografias situou-se perto dos 1,06 mil milhões de euros, também aqui houve uma descida de 45% face a 2023.
“A atividade de M&A tende a ser cíclica, e acreditamos que o mercado está preparado para uma recuperação”, refere Les Baird, partner da Bain & Company e líder da prática M&A and Divestitures.
“Embora tenhamos visto uma modesta recuperação no ano passado, o valor das transações permanece historicamente baixo, já que os ventos contrários têm condicionado fortemente as transações nos últimos três anos”, acrescente Les Baird.
“Mesmo durante o período de abrandamento, as melhores empresas persistiram, aprendendo a enfrentar realidades de mercado desfavoráveis para conseguir crescimento inorgânico. Agora, à medida que os ventos contrários abrandam, mais empresas irão juntar-se às que aprenderam a adaptar-se”, conclui.
A Bain estima que a IA generativa possa ser utilizada em todas as etapas de um processo de M&A nos próximos cinco anos.
Sobre a relevância da IA generativa nos processos de M&A, Álvaro Pires, partner da Bain & Company, salienta o seu aumento “de acordo com uma pesquisa da Bain com mais de 300 profissionais de M&A em vários países, 21% estão atualmente a utilizar IA generativa durante os processos, um aumento de 16% em relação ao ano passado, e um em cada três antecipa estar a utilizá-la até ao final do ano”.
“Embora atualmente esta tecnologia seja mais usualmente utilizada para encontrar e validar negócios, na Bain, estimamos que a IA generativa possa ser utilizada em todas as etapas de um processo de M&A nos próximos cinco anos”, acrescenta.
A Bain identifica algumas razões para o crescimento global das fusões e aquisições. A procura intrínseca por negócios de M&A permanece alta, mesmo que a atividade ainda se encontre moderada, pois as fusões e aquisições são centrais para a estratégia de negócios, uma vez que as empresas procuram caminhos para crescer, equilibrando risco e recompensa durante um período de perspetivas económicas desiguais, disrupções na cadeia de abastecimento e tensões geopolíticas.
O pipeline de oferta tem-se vindo a construir, pois todos, desde as empresas que estão a redefinir as suas estratégias até às empresas de private equity e capital de risco, pressionadas a fornecer liquidez, parecem ter pelo menos alguns ativos que desejam vender quando o mercado voltar e as avaliações subirem, considera o estudo.
As novas administrações na UE e nos EUA estão a igualmente a promover mais abertura para M&A, defende ainda a consultora.
“A disrupção tecnológica impulsionará a transformação estratégica e as atividades de M&A nos próximos anos, com as empresas a procurar tecnologias como IA generativa, automação, energia renovável e computação quântica para manter competitividade. Além disso, a pós-globalização e as mudanças nas fontes de lucro continuarão a impulsionar negócios, enquanto os executivos ajustam as suas estratégias para garantir acesso a mercados atrativos e segurança de abastecimento”, lê-se no comunicado da Bain.
Sectores a nível global em 2024
O sector energético movimentou operações num valor total de cerca 400 mil milhões de euros, um valor recorde dos últimos três anos. As empresas de oil & gas tiveram um ano de consolidação e as empresas químicas reestruturaram os seus portefólios.
Já nos serviços financeiros, a tecnologia, regulamentação e as mudanças nos perfis dos clientes contribuíram para o sector voltar ao mercado de M&A em 2024, num valor global que subiu para cerca de 300 mil milhões de euros, com os setores bancário e financeiro a representar a maior fatia, e os cartões e pagamentos a apresentarem o maior crescimento.
A Bain estima que este ímpeto crescente continue em 2025.
“Tradicionalmente, as operações de M&A no sector dos media eram de consolidação e construção de escala nos principais negócios destas empresas. Agora o que se detecta são as empresas a expandir-se para além das fronteiras tradicionais, adquirindo ativos que lhes permitem aproveitar a propriedade intelectual em múltiplas modalidades”, refere a Bain & Company.
“Esta mudança reflete uma necessidade crescente de competir com os gigantes da tecnologia que têm estendido a sua influência para os conteúdos, jogos e entretenimento. Em 2024, mais de metade das fusões e aquisições no setor dos media e entretenimento envolveram um alvo ou comprador fora da indústria, um sinal de que a convergência está a acelerar”, acrescenta a consultora.
“Com o aumento da procura por construção mais rápida, sustentável e económica durante a próxima década, as empresas da indústria de produtos de construção estão a recorrer a fusões e aquisições para acompanhar as mudanças”, conclui o relatório.
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