Nesta altura de Natal, e em que um ano termina e outro se prepara para começar, é altura ideal para parar um pouco e fazer um balanço sobre a vida.

Li uma vez que apenas menos de 1% das pessoas têm objectivos claros para a sua vida, mas conseguem muito mais do que os restantes. Acho que isto reforça a tal ideia que se não sabes para onde queres ir qualquer caminho serve, mas, por outro lado, para se chegar onde se quer primeiro é necessário clarificar esta parte da questão. Depois há que pôr-se a caminho, mas é incrível o que se consegue quando se sabe o que se quer.

Também li, e percebi que é verdade, que a vida é o que acontece quando os sonhos não se concretizam como tínhamos imaginado. Parece uma visão hipócrita ou pessimista, ou que contradiz o que acima se escreve. Mas não, é apenas a tomada de consciência de que há muitas coisas que não controlamos e que influenciam os resultados que obtemos. E também que as coisas nunca são exactamente como imaginámos que fossem. O tal processo de ilusão e desilusão que caracteriza a natureza humana e que nos deixa permanentemente insatisfeitos e à procura de algo mais.

Muito importante é ter exemplos, pessoas que nos inspirem pela maneira como são, luzes que nos guiem no caminho. Muita gente se refugia na fé e na religião para tal, mas confesso que, sendo católico e encontrando na religião princípios positivos para a vida, tal não me chega. Preciso de olhar à volta e ver gente de carne e osso que, pelas suas acções, mostram como é ir mais além, fazer as coisas de maneira diferente, superar-se.

De certa maneira estou a falar de ídolos, mas não com a noção infantil de pessoas perfeitas, ou de gente como quem se gostava de ser. Nada disso. Estou a falar daquelas pessoas que connosco convivem, muitas vezes no dia-a-dia, mas que pela sua maneira de ser, pelos seus conhecimentos, pela sua afabilidade, na maioria dos casos por aquilo que se sacrificam pelos outros, parece que nos incutem inspiração e energia.

Estas são as pessoas de quem nos lembramos nesta altura do ano. Os colegas de trabalho que têm sempre uma palavra de apoio para dar, os professores e treinadores dos nossos filhos, os amigos com quem gostamos de trocar ideias e de rir, e com que podemos ser nós próprios, a família que está sempre lá para nós, as nossas “caras-metades” que nos mostram mais sobre nós do que aquilo que pensávamos ser possível. Muitos deles nem sabem o quão importante são, mas são como um alimento da alma. O verdadeiro significado do Natal.

O autor escreve segundo a antiga ortografia.