A banca está a “apertar” os critérios de concessão de crédito às empresas, aumentando ligeiramente os spreads contratados, mas também exigindo mais garantias no caso das pequenas e médias empresas (PME). Do lado da procura, o sector verifica uma quebra, tanto por parte do tecido empresarial como das famílias.
A informação consta do Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito do Abril de 2023 divulgado esta terça-feira. O questionário foi enviado aos bancos no dia 22 de março de 2023 e o envio de respostas ocorreu até ao dia 5 de abril. A avaliação da oferta e da procura refere-se ao primeiro trimestre de 2023, por comparação com o trimestre anterior. Já as expectativas referem-se ao segundo trimestre de 2023.
Nos primeiros três meses do ano, os critérios de concessão de crédito às empresas foram “ligeiramente mais restritivos, de forma transversal por dimensão de empresa e em especial em empréstimos de longo prazo”. Já no segmento de particulares não se registam alterações.
O inquérito aponta como motivos a “perceção dos riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais e, em menor grau, a setores de atividade ou empresas específicos contribuiu para tornar os critérios de concessão mais restritivos no crédito a empresas, em especial PME”.
Verificou-se no primeiro trimestre, nos empréstimos a empresas, um ligeiro aumento dos spreads e da restritividade dos outros termos e condições, sobretudo das garantias exigidas e das condições contratuais não pecuniárias, no caso das PME, indica o Banco de Portugal.
Nos particulares, houve uma “ligeira redução dos spreads em empréstimos para habitação de risco médio, e ligeira redução dos spreads nos empréstimos para consumo e outros fins de risco médio e superior, contrabalançada por um ligeiro aumento das comissões e outros encargos”.
Nos empréstimos a empresas, a perceção dos riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais e, em menor grau, a setores de atividade ou empresas específicos e às garantias exigidas, bem como o grau de tolerância de riscos contribuíram para tornar os termos e condições mais restritivos, nomeadamente o spread em empréstimos de maior risco e, em menor grau, de risco médio, diz o Banco de Portugal.
Já nos empréstimos à habitação, o custo de financiamento e as pressões concorrenciais contribuíram ligeiramente para reduzir os spreads em empréstimos de risco médio e, no crédito ao consumo e outros fins, o custo de financiamento e a perceção e tolerância de riscos contribuíram ligeiramente para reduzir os spreads nos empréstimos.
Aumentou a proporção de pedidos de empréstimo rejeitados. Segundo o inquérito houve um ligeiro aumento no crédito a PME e sem alterações, no crédito a particulares.
Já no que toca às expectativas para o segundo trimestre do ano, os bancos apostam em critérios de concessão mais restritivos no crédito a empresas, especialmente PME, de forma transversal à maturidade dos empréstimos e apostam em critérios estáveis nos empréstimos para habitação e ligeiramente mais restritivos, no crédito ao consumo e outros fins.
Procura por crédito diminui nas empresas e famílias
A procura de crédito por parte de empresas diminuiu, “tanto por parte de PME como de grandes empresas, em especial de empréstimos de longo-prazo”, refere o regulador no relatório.
A explicar esta evolução está o “nível geral das taxas de juro e, em menor grau, as necessidades de financiamento do investimento que contribuíram fortemente para a diminuição da procura de empréstimos por empresas, aos quais se juntou, em menor grau, o recurso a fontes de financiamento alternativas com destaque para a geração interna de fundos, especialmente no caso de grandes empresas”.
Isto, nota o Banco de Portugal, “foi ligeiramente compensado por necessidades de financiamento de existências e de fundo de maneio e, no caso das PME, também de refinanciamento e renegociação da dívida”.
Também a procura por crédito a casa por parte das famílias sofreu uma quebra. A banca registou uma “diminuição, para aquisição de habitação, e diminuição ligeira para consumo e outros fins”, perante a subida das taxas de juro.
“O nível geral das taxas de juro contribuiu fortemente para reduzir a procura de empréstimos à habitação, ao qual se juntou, em menor grau, a confiança dos consumidores e as perspetivas do mercado da habitação e um contributo ligeiro do regime regulamentar e fiscal dos mercados de habitação”, indica. No crédito ao consumo e outros fins, o nível geral das taxas de juro, as despesas de consumo de bens duradouros e o recurso a poupanças contribuíram
ligeiramente para reduzir a procura.
Quanto às expectativas, no caso as empresas apontam para uma “diminuição da procura de empréstimos de longo prazo, sobretudo por PME” e para um “ligeiro aumento da procura de empréstimos de curto prazo”. Nos particulares, também é esperada uma redução da procura por crédito à habitação e uma manutenção da procura por empréstimos ao consumo e para outros fins.
O inquérito aos bancos revela ainda que nos últimos três meses se dá uma deterioração do acesso ao mercado através de títulos de dívida negociados por grosso de médio a longo prazo e, em menor grau, do acesso a depósitos de curto prazo e da capacidade de transferência do risco de crédito para fora do balanço.
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