O CEO da nBanks, Orlando Gomes da Costa, recorda, na última JE Talks do Jornal Económico (JE) que “um banco, por definição, é uma entidade cujo principal ativo são os depósitos dos seus clientes e a confiança inerente.” Ainda assim, o panorama tem vindo a sofrer alterações de fundo nos últimos anos, pelo que os bancos sentem a necessidade de “adaptarem o seu modelo de negócio” às alterações que se observam.
Se os bancos têm, por um lado, “a necessidade de cumprir os requisitos exigidos pelas entidades reguladoras”, por outro veem-se forçados a “adaptar-se a modelos de negócio mais virtuais, mais inovadores”, como é o caso com os modelos de negócio “de tendência digital”. De acordo com as palavras do responsável, afigura-se “cada vez mais difícil” atrair clientes para visitarem um balcão ou incentivá-los a conhecerem a oferta da banca. Algo que se deve precisamente à tendência de aumento da oferta neste âmbito e que conduz a uma necessidade sentida pelos consumidores de “terem outra capacidade de poderem ver as suas necessidades atendidas.”
Atualmente, transações e pagamentos fazem-se com uma “leveza” que nunca antes existiu, diz Gomes da Costa. Os clientes têm hoje acesso a uma série de “empresas de âmbito financeiro ou tecnológico que prestam serviços financeiros” de forma mais dinâmica, inovadora e fácil, pelo que deixaram de estar limitados ao sector bancário. Falamos, portanto, de um aumento da oferta, que procura atender a uma demanda cada vez mais exigente.
Neste contexto, os bancos são obrigados a divulgar um conjunto de serviços mais alargado, ao mesmo tempo que se deparam com “um mercado cada vez mais competitivo.” As instituições bancárias têm um papel central na economia global, recorda, mas “estão a habituar-se a conviver com outros players e com outros tipos de empresas que são capazes de prestar serviços úteis para o consumidor final” e que, por isso, obrigam o sector a reinventar-se.
“As pessoas, mais do que a entidade em si, procuram serviços”, sublinha. A curto prazo, o responsável não acredita que seja colocada em causa a “longevidade” dos bancos mas, a médio e longo prazo, faz um ponto ponto de situação bem distinto: “Há uma urgência de perceberem como é que poderá ser a banca” para se manter “saudável e rentável”, refere, antes de afastar o cenário da subida das comissões como solução para além do futuro mais próximo.
Aumento das comissões é “a solução mais fácil”
“A solução mais fácil que a banca está a encontrar é aumentar o comissionamento por via do encarecimento das suas estruturas, mas será uma solução a curto prazo.” O responsável garante que esta “não é uma estratégia de produto que possa manter o cliente a longo prazo”, pelo que as instituições vão ter que se adaptar ao novo cenário.
A entrada de novos players gera uma dinamização o sector, com um alargar da oferta, nomeadamente pelo surgimento de produtos de investimentos. O consumidor já não procura um banco, procura serviços bancários e por isso o mercado procura fazer face a estas novas necessidades. Orlando Gomes da Costa lembra ainda que, no passado, era tradição os pais criarem uma conta bancária para os seus filhos e estes mantinham-se fiéis àquele banco, porque não existia toda a panóplia de opções com que nos deparamos hoje. O responsável vai mais longe e compara a tecnologia a uma auto-estrada, que “permite aproximação e uniformização e, pela primeira vez dá-nos a capacidade de saber o que não sabíamos”. Algo que gera uma maior “liberdade de escolha” na hora de optar por um serviço.
Os bancos trabalham para dinamizarem a oferta em concreto e para que ela seja “constantemente competitiva”, na procura por se adaptarem ao contexto existente. As fintechs apresentam maior rapidez na prestação de serviços, refere o responsável. “Têm outra capacidade de resposta, conseguem ser mais joviais, ter mais agilidade e gerar outro tipo de relacionamento com os clientes.”
As novas tecnologias têm um papel fundamental neste sentido, já que nos permitem saber qual é o perfil de cada consumidor. Por esse motivo, as regras de mercado, ao contrário do que aconteciam no passado, “não passam por uma oferta estandardizada, mas sim customizada”, ou seja, que se enquadra especificamente naquilo que cada consumidor procura.
“Antes eram os bancos que determinavam as regras do jogo. Agora mudou e é o mercado” que o faz, destaca.
Entre desenvolvimentos tecnológicos tão rápidos em tantas vertentes, desde o metaverso à web 3.0, o maior desafio da banca passa por “ser versátil, deixar de lado a sua tradição, porque isso tem hoje um peso muito menos relevante”, já que não faz parte dos critérios dos potenciais clientes.
É necessário, pois, ter uma oferta que permita “acrescentar valor ao consumidor.”
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