[weglot_switcher]

Banca portuguesa vendeu 3 mil milhões em imóveis em dois anos. Bancos espanhóis venderam 29 mil milhões

Se os bancos portugueses vendem carteiras de imóveis em volumes significativos, quando olhamos para a realidade espanhola, os volumes são significativamente superiores. Só o CaixaBank vendeu em 2018 uma carteira de imóveis de 12,8 mil milhões de euros à Lone Star (o chamado Projecto Gama).
Cristina Bernardo
30 Julho 2020, 18h27

Os bancos estão em competição com as imobiliárias. Numa altura em que há uma polémica sobre a venda de uma carteira de imóveis, designada projeto Viriato, pelo Novo Banco, em 2018, na sequência de uma notícia do jornal “Público”, verifica-se que, em dois anos, os bancos portugueses venderam carteiras de imóveis a fundos, que somam quase 3 mil milhões de euros.

O que não é nada comparado com o que venderam os bancos em Espanha. Segundo dados a que o Jornal Económico teve acesso, no mesmo período (dois anos), os bancos espanhóis venderam carteiras de imóveis no montante total de quase 29 mil milhões de euros.

Em 2018 ano em que o Novo Banco vendeu a carteira de imóveis a que chamou Projeto Viriato, a CGD vendeu uma carteira de 343 milhões de euros de imóveis à AnaCap Financial Partners, de um portefólio chamado Pacific. Há ainda outro projeto Trio que terá ido ao mercado, mas não foi possível apurar o montante.

No mesmo ano o Santander em Portugal vendeu à Cerberus, 600 milhões de euros de uma carteira de imóveis chamada Projeto Tagus.

O Montepio por fim vendeu ao fundo Atlas 120 milhões de euros de imóveis aglutinados numa carteira designada Projeto Cascais.

Ao todo os bancos venderam em 2018 1,78 mil milhões de euros em imóveis. É de salientar que estes imóveis vão parar ao balanço dos bancos por dação em cumprimento de crédito.

Em 2019, não foi tão profícuo em venda de carteiras de imobiliário, mas ainda assim a banca portuguesa vendeu 1.172 milhões.

O BCP vendeu no ano passado 210 milhões de euros em imóveis, do designado Projecto Puma, à AnaCap Financial Partners. O BPI, por seu turno vendeu uma carteira designada Projecto Lemon, no valor de 200 milhões de euros à norte-americana Tilden Park Capital Management.

Já a Caixa Geral de Depósitos alienou no ano passado uma carteira de imóveis designada Projeto Mars I ao CRC, por 170 milhões de euros.

O Novo Banco vendeu o portefólio Sertorius por 488 milhões de euros ao fundo Cerberus.

Por fim o Montepio vendeu uma carteira de imóveis à Arrow/Whitestar por 104 milhões de euros.

O tema da venda de imóveis ao fundos especializados ganhou atualidade depois de uma notícia do “Público” que avançou que o Novo Banco concedeu a crédito ao fundo comprador, o norte-americano Anchorage Capital Group, dos imóveis vendidos em 2018, carteira essa composta por “5.355 imóveis que são compostos por 8.486 frações”, e que foi vendida por 364 milhões de euros. O valor líquido de imparidades desta carteira era de 467 milhões de euros e provocou uma perda de 159 milhões de euros.

Se os bancos portugueses vendem carteiras de imóveis em volumes significativos, quando olhamos para a realidade espanhola, os volumes são significativamente superiores.

Em 2018, segundo dados da Debtwire, só o CaixaBank vendeu uma carteira de imóveis de 12,8 mil milhões de euros à Lone Star (o chamado Projecto Gama). Também em 2018, o Sabadell vendeu o portfólio “Projeto Challenger” por 5,88 mil milhões ao fundo Cerberus. No mesmo ano o mesmo banco vendeu também o “Projeto Coliseum” ao Cerberus por 3,43 mil milhões.

O Santander vendeu nesse ano os imóveis agrupados no Projecto Apple ao Cerberus no montante de 2,7 mil milhões e o Bankia vendeu o “Project Earth” ao Lone Star por 1,65 mil milhões.

Depois registam-se outras vendas mais pequenas nos bancos do país vizinho, mas todas elas superiores aos valores inerentes às vendas realizadas pelos bancos portugueses.

A venda de carteira de ativos é uma forma de acelerar a redução da exposição a ativos problemáticos. Por norma, são ativos que já foram alvos de imparidades e portanto as mais ou menos-valias avaliam-se em relação ao valor registado no balanço, pós-imparidades.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.