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Banca prevê aumento da procura de empréstimos de curto prazo por PME e de crédito ao consumo dos particulares

As expetativas para o quarto trimestre de 2021 vão no sentido de um aumento da procura de empréstimos pelas empresas, mais significativo nos de curto prazo e para PMEs. No crédito a particulares, destaca-se a expetativa de aumento da procura para consumo e outros fins. São as conclusões do inquérito aos bancos de outubro.
  • Cristina Bernardo
26 Outubro 2021, 14h03

O Banco de Portugal (BdP) publicou o resultado do “Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito – Outubro 2021”, que inclui informação sobre a evolução da procura de empréstimos à habitação e sobre o impacto de alguns fatores, como o nível das taxas de juro, a confiança dos consumidores e as perspetivas do mercado de habitação.

O inquérito revela que, no que respeita aos critérios de concessão de crédito, no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o trimestre anterior, não se registaram alterações em todas as dimensões de empresas e  maturidades dos empréstimos, assim como no crédito a particulares para habitação e para consumo e outros fins.

Ainda na oferta, os termos e condições do crédito revelam uma melhoria no crédito concedido às grandes empresas, nomeadamente diminuição nos spreads dos empréstimos de risco médio, ligeira diminuição nos spreads dos empréstimos de maior risco; uma ligeira melhoria no que respeita ao montante do empréstimo, às condições contratuais não pecuniárias e à maturidade.

Há a salientar a manutenção dos termos e condições no crédito a particulares para habitação e consumo.

No crédito ao conjunto das empresas, a perceção de riscos contribuiu ligeiramente para o aumento dos spreads nos empréstimos de maior risco, segundo o inquérito.

Por sua vez, a proporção de pedidos de empréstimo rejeitados manteve-se praticamente inalterada no crédito a empresas e a particulares.

As expetativas para o quarto trimestre de 2021 são que os critérios de concessão de crédito a empresas e a particulares se mantenham praticamente inalterados.

No lado da procura de crédito, o inquérito concluiu que a “procura de empréstimos por parte de empresas” registou uma diminuição no terceiro trimestre em comparação com os três meses anteriores, sobretudo por parte de grandes empresas e nos empréstimos de curto prazo.

Há uma avaliação muito heterogénea por parte dos bancos, sendo a ligeira diminuição das necessidades de financiamento do investimento o fator mais referido.

A procura de empréstimos por parte de particulares aumentou sobretudo no crédito à habitação. A confiança dos consumidores e o nível das taxas de juro contribuíram para o aumento da procura de crédito à habitação.

As expetativas para o quarto trimestre de 2021 vão no sentido de um aumento da procura de empréstimos para empresas, mais significativo nos de curto prazo e para PMEs. No crédito a particulares, destaca-se a expetativa de aumento da procura para consumo e outros fins.

O inquérito foi enviado aos bancos no dia 20 de setembro de 2021 e o envio das respostas ocorreu até ao dia 4 de outubro. A avaliação da oferta e da procura refere-se ao terceiro trimestre de 2021 por comparação com o trimestre anterior. As expetativas são para o quarto trimestre de 2021.

O crédito à habitação em Portugal e na área do euro tem registado um comportamento muito dinâmico nos últimos anos, tendo durante a atual crise pandémica abrandado apenas temporariamente nos períodos de maior confinamento, diz o Banco de Portugal.

De acordo com as respostas dos bancos, nos dois anos anteriores à crise pandémica, a procura de crédito à habitação em Portugal aumentou sucessivamente com exceção do primeiro trimestre de 2019, em que se verificou uma ligeira redução, para a qual contribuiu a medida macroprudencial aplicada aos novos créditos à habitação e ao consumo pelo Banco de Portugal.

O aumento da procura refletiu o nível baixo das taxas de juro, a confiança dos consumidores (principalmente até ao início de 2019), e em menor medida as perspetivas do mercado da habitação.

Por seu turno, na área do euro a procura aumentou até ao primeiro trimestre de 2020. Ao longo deste período o nível das taxas de juro foi o fator que mais contribuiu para o aumento na procura de crédito.

A procura de crédito para habitação reduziu-se fortemente no segundo trimestre de 2020, tanto em Portugal como na área do euro. A diminuição da confiança dos consumidores e, em menor grau, a deterioração das perspetivas do mercado imobiliário, resultantes da crise pandémica, foram os principais fatores que explicaram esta evolução. De acordo com o inquérito, a procura de crédito à habitação, tanto em Portugal como na área do euro, retomou o crescimento nos trimestres seguintes. Este dinamismo é justificado pelo nível das taxas de juro, uma vez que a confiança dos consumidores só recuperou a partir do segundo trimestre de 2021.

Ainda no inquérito, e sobre o financiamento a retalho e por grosso, que fez parte da panóplia de questões enviadas aos bancos, as respostas dos bancos revelam que nos últimos três meses houve uma ligeira melhoria da capacidade de financiamento no retalho através de depósitos de curto prazo.

Nos próximos três meses, o acesso aos mercados não terá alterações significativas.

Sobre o impacto dos programas do BCE de compra de ativos, os bancos fizeram um balanço e situação financeira dos últimos seis meses. Verifica-se uma melhoria da posição de liquidez global e das condições globais de financiamento no mercado dos bancos; e uma ligeira deterioração da rendibilidade global dos bancos por via do impacto sobre a margem financeira.

Na política e volume de crédito concedido, nos últimos seis meses não houve praticamente impacto dos programas do BCE.

Para os próximos seis meses os impactos esperados sobre a situação financeira dos bancos e sobre a política e volume de crédito a empresas e a particulares, de um modo geral, são ligeiramente inferiores aos reportados nos últimos seis meses.

Sobre o impacto da taxa de juro negativa aplicada pelo BCE à facilidade permanente de depósitos, que é outra questão do inquérito, os bancos revelaram que nos últimos seis meses verificou-se uma redução considerável da rendibilidade global dos bancos, decorrente do impacto negativo na margem financeira.

No crédito concedido a empresas a taxa de juro contribuiu para uma diminuição das taxas de juro e dos spreads aplicados e para um ligeiro aumento no volume de crédito concedido.

No crédito aos particulares a taxa de juro negativa aplicada pelo BCE contribuiu para uma diminuição das taxas de juro e dos spreads aplicados, sobretudo no crédito à habitação.

O sistema de dois níveis aplicado pelo BCE para a remuneração das reservas excedentárias de liquidez,  últimos seis meses, provocou um aumento da rendibilidade global dos bancos, decorrente do impacto positivo na margem financeira e, em menor grau, na posição de liquidez.

As estimativas para os próximos seis meses é que os impactos sejam semelhantes aos reportados para os seis meses anteriores.

Sobre a terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas – ORPA direcionadas III, o inquérito dos bancos revela que na operação de junho de 2021 um dos cinco bancos da amostra portuguesa participou. Já na operação de setembro de 2021 nenhum banco da amostra portuguesa participou.

Sobre operações futuras há um banco que pretende participar, três bancos que não pretendem participar e um banco ainda não decidiu se participa.

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