O presidente do Banco Português de Fomento, Gonçalo Regalado, anunciou esta segunda-feira que prevê atribuir cerca de 14,6 mil milhões de euros em garantias até ao fim do ano, entre 11,3 mil milhões de garantias do banco e 3,25 mil milhões de euros em garantias FEI (Fundo Europeu de Investimento). O que compara com 6,5 mil milhões de euros atribuídas em 2024, das quais 50% foram garantias FEI.
As primeiras garantias serão atribuídas já em março, anunciou Gonçalo Regalado, presidente do banco, na apresentação do Plano de Ação do banco promocional.
O banco explica que está focado na criação de instrumentos financeiros “inovadores” que facilitem o acesso ao crédito e reforcem a competitividade das empresas.
Além do conjunto de garantias financeiras que representam 5% do PIB, o BPF anunciou o reforço de parcerias com o BEI e FEI e entidades multilaterais. “O banco vai mobilizar os 6.500 milhões de euros, para que toda a banca comercial tenha acesso e não apenas os cinco grandes bancos”, afirmou.
CEO revelou a intenção de estender as parcerias com os bancos de média dimensão
Hoje o FEI já tem contrato com cinco grandes bancos. “O que vamos permitir é que naqueles 6.500 milhões haja 3.250 milhões para reforçar os portfólios destes bancos maiores, mas vamos permitir aos bancos médios terem acesso pela primeira vez às garantias do FEI InvestEU. Através do BPF vamos dar acesso a várias garantias do FEI. A nossa ambição é ter entre 10 e 12 bancos ao serviço das empresas com garantias do FEI que terão as mesmas condições, o mesmo pricing, o mesmo modelo de monitorização”, disse o CEO do BPF.
”Queremos ser o motor do investimento em Portugal e esse catalizador é feito com as garantias financeiras da Garantia Mútua do FEI e do BEI para o investimento; com capital para investimento direto nas empresas, via Portugal Ventures e pelo próprio banco com programas específicos; com capital via Ecossistema com Fundos de Investimento; nos fundos europeus com as garantias e linhas de financiamento; com o lançamento dos Seguros de Crédito para as Exportações; e sobretudo com a criação de uma Export Credit Agency pública e que permita o financiamento das nossas exportações”, sublinhou Gonçalo Regalado.
“Seremos ainda um braço de apoio ao investimento de muito longo prazo, a 15 a 20, a 25 anos, que por definição são desenhados pelos bancos de desenvolvimento”, acrescentou.
A nova estratégia apresentada passa por pôr o BPF a estruturar a sua atuação em três pilares: “mais proximidade com as empresas garantindo soluções de financiamento acessíveis e ajustadas às suas necessidades; soluções financeiras estratégicas, simplificando o acesso ao crédito e capitalização; e maximização dos fundos europeus, alavancando o investimento nacional e estrangeiro para um crescimento sustentado”.
“Queremos ser o motor, com o AICEP, daquilo que é o investimento direto estrangeiro e também sermos embaixadores dos nossos empresários, das médias e grandes empresas, que têm a ambição de investir fora de fronteiras”, sublinhou o CEO numa plateia onde estava o Ministro da Economia, Pedro Reis, e o Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Lopes.
“Vamos trabalhar com as micro, com as pequenas, com as médias e com as grandes empresas e com todos os setores”, garantiu.
O Banco de Fomento apresentou ainda um conjunto de soluções financeiras para PME, startups e grandes empresas, tais como linhas de financiamento, programas de capitalização, parcerias com instituições financeira, apoio à exportação e à internacionalização.
De resto foi apresentado um novo modelo de garantias pré-aprovadas, “com a inclusão de até 150 mil empresas”, revelou o banco que acrescentou que até março ficará operacionalizado junto de 50 mil empresas de todos os setores de atividade, do comércio ao retalho, passando pela tecnologia e pela saúde. “Com esta pré-aprovação, as empresas podem falar com os bancos comerciais e descontar esse crédito para investimento”, explicou.
A lista de garantias e financiamento é composta pelas linhas BPF InvestEU de 3.555 milhões de euros para projetos de inovação, sustentabilidade e investimento; o Portugal 2030 de 3.000 milhões para financiamento de investimentos estratégicos em setores prioritários; o PRR Inovação Empresarial de 278 milhões de euros pra apoiar projetos inovadores e acelerar a transição digital e sustentável já reprogramados no PRR; o Programa de ADN 2025 de apoio ao desenvolvimento de negócios, a que acresce o MPE 2025 de micro e pequenas empresas no montante de 1.250 milhões de euros; e o FEI InvesteEU de 6,5 mil milhões para alavancar investimentos estratégicos e inovadores.
Os três mil milhões do Portugal 2030 foram explicados por Gonçalo Regalado. O CEO lembrou o trabalho próximo com as equipas do Compete, “temos hoje quatro linhas desenhadas para o apoio aos fundos do Portugal 2030, com mil milhões de garantias técnicas de apoio ao adiantamento de incentivos; 500 milhões para um novo programa hibrido que será lançado em breve; 500 milhões na linha Fomento 2030 Subvenções”, que o presidente do banco explicou que serve para financiar todos os projetos cujas candidaturas receberem uma nota superior a três, mas que ficaram fora do programa Portugal 2030 porque não atingiram a pontuação 4,15 exigida, por causa da competitividade, “para que nenhum investimento fique para trás”.
Por fim para os capitais alheios dos projetos, “queremos criar uma linha de mil milhões de euros a oito anos, com dois de carência, a PT2030 Capitais Alheios”, anunciou.
Na linha Fomento 2030 Subvenções “olhámos para aquilo que são as 1.313 empresas que ainda não tinham convertido o seu financiamento em fundo perdido, o que totaliza 45 milhões de euros, e dissemos vamos dar uma nova oportunidade para permitir que possamos pagar a todas as empresas que cumpriram os critérios no Covid, há três anos atrás, de manter a atividade e postos de trabalho (indústria e turismo)”. Recorde-se que quando o Governo lançou as linhas de crédito Covid para ajudar as empresas a lidar com os impactos da pandemia, foi decidido que seria possível a conversão de até 20% do crédito concedido em subsídio a fundo perdido. “Ao dia de hoje já pagámos 35 operações logo na primeira semana e apoiamos mais de seis bancos”, acrescentou o CEO.
A conversão da subvenção abriu a 10 de fevereiro e será encerrada a 17 de março e a até 31 de março deverá estar tudo pago aos empresários, disse Gonçalo Regalado que falou em “mais de 500 processos a serem instruídos”.
No âmbito da parceria do BPF com o FEI, explicou o presidente do banco promocional, que “seremos o oitavo país da UE a subscrever o member state compartment, dedicamos 450 milhões de euros do PRR e estamos a apontar para 500 milhões no país, para podermos subscrever este member state compartment e assim termos acesso aos 6.500 milhões de euros de garantias a um preço muito competitivo”.
“Somos o Banco de Fomento do capital e temos mais de 1,7 mil milhões de euros em gestão diretamente no banco, cinco programas ao abrigo do PRR, que totalizam 1.420 milhões de euros, três em parceria com o FEI que totalizam 250 milhões; e depois dois programas, um para a região de Leiria e outro que vamos fazer este ano, o novo fundo Deep Tech, que são 50 milhões a lançar nas próximas semanas”, disse Gonçalo Regalado.
O CEO lembrou o propósito de que as empresas ganhem escala, e que justificam os programas Consolidar e Venture Capital, entre outros.
No âmbito do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), lançado no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com uma dotação global de 1.300 milhões de euros, o Banco Português de Fomento (BPF) já aprovou 1.030 milhões de euros (em fim de janeiro) tem quase 900 milhões de euros contratados e já chegaram às empresas 358 milhões de euros, revelou o CEO.
O BPF tem atualmente um braço de capital, a Portugal Venture (capital de risco); um braço de fundos de investimento imobiliário com a Fomento Fundos, e tem hoje o braço das garantias com a Garantia Mútua, com quatro SGM “onde avançaremos até meados do ano com o processo de fusão e até final do ano esperamos concluir esse processo”, disse Gonçalo Regalado que lembrou ainda que a Sofid, com o mandato de Development financial institution, está em fase de integração no banco.
“O Banco de Fomento também é o banco da Lusofonia”, disse o CEO acrescentando “e com isso temos aqui o acesso a 300 mil milhões de euros, mais do PIB nacional, de um programa Global Gateway da União Europeia para países em desenvolvimento, sendo o BPF um dos 10 a nível europeu que tem acesso, através da integração da Sofid e através da Comissão Europeia, o que permite ao banco ser o motor do investimento direto português em particular na Lusofonia”.
“Temos acesso aos bancos multilaterais mundiais”, sublinhou.
Por fim a outra novidade apresentada foi a estratégia digital de 2025 a 2027.
Gonçalo Regalado prometeu desenvolver um banco digital, utilizando tecnologia como alicerce para promover o desenvolvimento económico e social através de soluções financeiras especializadas para as empresas. “Estamos a construir uma infraestrutura resiliente, queremos garantir segurança de acesso e conformidade”, disse.
O CEO promete também apresentar resultados todos os trimestres, como a banca comercial.
Em jeito de resumo, disse que quer que o Banco de Fomento seja um instrumento nas garantias com 14,6 mil milhões de euros, o que representa 5% do PIB, mas também que tenha as parcerias certas com o FEI e com o BEI e mobilize os 6,5 mil milhões de euros, um instrumento para que toda a banca comercial tenha acesso e não só os cinco maiores bancos.
Quer que o BPF seja o banco da capitalização com 2 mil milhões de euros de instrumentos de capital ao serviço das empresas, que seja o braço dos fundos europeus, no PRR e no PT 2030, para ajudar a economia a acelerar o investimento.
Quer que o BPF seja o banco do investimento, permitindo o acesso ao investimento estrangeiro em Portugal e ao investimento português no estrangeiro, para que se consiga, com o programa Global Gateway da UE e com as parcerias bilaterais com os diferentes Estados, “construir capacidade em termos de investimento internacional em Portugal e investimento português no mercado global”. Quer que seja “um banco de fomento para as garantias, para o capital, para os seguros de crédito, para o financiamento e para os fundos imobiliários”.
“Que seja a nova avenida do investimento económico em Portugal”, concluiu.
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