A melhoria do rendimento disponível, nomeadamente através da descida no IRS, contribuiu para que o consumo privado ganhasse força este ano, segundo o Banco de Portugal, que antecipa agora um aumento de 3,3% nesta rubrica (e não 2,2% como previa no boletim de junho). No entanto, a revisão que o INE fez às contas nacionais desde 2023 também foi importante para que as previsões de crescimento económico tenham sido revistas em alta de 1,6% para 1,9%.
Este aumento do consumo acontece num contexto em que os níveis de poupança dos portugueses estão ainda em níveis historicamente elevados, com o Banco de Portugal a antecipar no boletim económico de outubro que a taxa fique em 12,3% este ano, apenas menos duas décimas do que no ano anterior.
O crescimento económico previsto, no entanto, até poderia ser maior não fosse o contributo das exportações líquidas revisto em baixa face a junho. O Banco de Portugal espera agora, que foi apresentado esta terça-feira, que as vendas para o estrangeiro aumentem 1,1%, em vez de 1,7% como tinha sido projetado no anterior boletim. Já as importações passaram para 4,7% (em vez de 3,4%). Neste cenário, não é esperado que Portugal ganhe quota de mercado.
Em relação ao investimento (formação bruta de capital fixo), deverá subir 3%, segundo a entidade agora liderada por Álvaro Santos Pereira (em junho esperava-se 2,1%).
Para o próximo ano, no entanto, não se esperam grandes alterações face ao que o Banco de Portugal já tinha previsto: um crescimento de 2,2%, com uma moderação do consumo privado (mais 2%) e uma aceleração das exportações (mais 2,2%), acompanhada também de uma melhoria nas importações.
No conjunto dos três anos até 2027, o Banco de Portugal acredita que o país vai crescer a uma média de 2%, acima dos 1,2% esperados para a zona Euro, mas a diferença é menor quando comparado o PIB por trabalhador — 0,9% em Portugal, face aos 0,6% no conjunto dos países que partilham a moeda única. Ou seja, o supervisor espera uma convergência real neste período, embora a um ritmo bastante moderado de apenas 0,3 pontos percentuais.
Melhoria dos níveis de emprego continuam a depender dos imigrantes
Em relação ao crescimento do emprego, o Banco de Portugal antecipa agora uma melhoria de quatro décimas este ano, para 1,8%, e de duas décimas em 2026, para 0,9%. A taxa de desemprego deverá manter-se estável (6,2% em 2025 e 6,3% em 2026 e 2027).
O fluxo de imigrantes, que tem sustentado a evolução demográfica e o crescimento do mercado de trabalho, deverá continuar a aumentar até 2027, mas a um ritmo mais moderado. Uma tendência que já se fez sentir este ano, na sequência do abrandamento económico, e que não incorpora ainda as novas medidas políticas mais restritivas.
Em todo o caso, a expectativa do supervisor de que emprego cresça à média de 1% por ano assenta num aumento de mão de obra imigrante.
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