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Bancos italianos e espanhóis são os que mais beneficiam do refinanciamento de longo prazo do BCE

A Fitch diz que “espera que os bancos italianos utilizem o TLTRO-III para ajudar a substituir parte do seu financiamento pendente de TLTRO-II, que começa a atingir a sua maturidade no próximo ano e que foi de 239 mil milhões de euros no final de 2018.
  • Reinhard Krause/Reuters
14 Março 2019, 16h31

As novas operações de refinanciamento de longo prazo do BCE (TLTRO-III) reduzirão os riscos e custos de refinanciamento para os bancos italianos num momento em que seu acesso aos mercados  interbancários é uma desafio, e proporcionará também flexibilidade de  financiamento para os bancos espanhóis, diz a Fitch Ratings.

Os setores bancário italiano e espanhol são os dois maiores recetores de fundos do BCE na Europa.

“Será lançada uma nova série [a terceira] de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas trimestrais (ORPA direcionadas III ou TLTRO III na sigla em inglês), que terá início em setembro de 2019 e terminará em março de 2021, tendo cada operação um prazo de dois anos. As novas operações ajudarão a preservar condições de financiamento bancário favoráveis e a transmissão regular da política monetária”, anunciou Mario Draghi, presidente do BCE.

O presidente do BCE explicou que os TLTRO “são operações que permitem aos bancos pedir emprestado ao BCE em condições mais favoráveis do que as que existem no mercado, se não houvessem esses subsídios [do BCE] ninguém aceitaria aderir aos TLTRO”.

A nova série de instalações de dois anos, que começa em setembro, também visa fomentar o crédito, já que está projetada para ser uma fonte ainda relativamente barata de financiamento para os bancos.

Em Itália, no entanto, o financiamento barato provavelmente contribuirá para a continuação da redução dos juros dos empréstimos e para a degradação da margem financeira.

O TLTRO-III também pode afetar o preço do crédito noutros mercados, se a adesão ao programa do BCE for significativa.

A Fitch diz que “espera que os bancos italianos utilizem o TLTRO-III para ajudar a substituir parte do seu financiamento pendente de TLTRO-II, que começa a atingir a sua maturidade no próximo ano e que foi de 239 mil milhões de euros no final de 2018.

A nova operação de financiamento vai reduzir o custo e alargar a necessidade de acesso os mercados de dívida, onde os custos de emissão aumentaram desde o início do ano passado.

A Fitch diz ainda esperar que a utilização de TLTRO-III dos bancos italianos seja inferior à responsabilidade decorrentes do TLTRO-II. “Nem todo o financiamento do TLTRO-II precisa ser refinanciado, pois alguns são depositados no BCE, e alguns estão a servir de colateral a ativos líquidos de alta qualidade, e que poderão ser vendidos para reduzir a utilização”, diz a agência.

A Fitch diz que espera que os bancos substituam parte das operações de refinanciamento que estão a atingir as maturidades por um mix de captações de mercado secured e unsecured, confirmando a sua capacidade de ter acesso aos mercados e de alongar o seu perfil de vencimento da dívida, já que o TLTRO-III oferece apenas dois anos de financiamento.

Os bancos mais fracos da Itália provavelmente usarão mais fundos do TLTRO-III (em proporção do seu financiamento total) do que os pares domésticos mais fortes com melhor acesso ao mercado, defende a Fitch.

O bancos podem continuar a beneficiar do financiamento barato para investir em títulos do governo italiano, se os rendimentos (yields) forem atraentes, particularmente se o crescimento do crédito continuar a enfraquecer, à medida que o crescimento económico de Itália diminuir.

O uso de TLTRO-III pelos bancos espanhóis provavelmente será mais oportuno, com o foco no financiamento barato contínuo para aumentar a rentabilidade, e apenas em parte para substituir o financiamento pendente de TLTRO-II (167 mil milhões no final de 2018), considera a agência.

Esperamos que o crescimento do crédito em Espanha seja retomado este ano. Alguns bancos podem usar o financiamento TLTRO-III junto do BCE para financiar parte do crescimento do crédito que está alinhado com a natureza de curto prazo do TLTRO-III, ou para fazer arbitragem no mercado de divisas (carry trades – aplicação financeira que consiste em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo noutra moeda).

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