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Bancos norte-americanos esperam queda dos requisitos de capital

A Fed está a trabalhar na mais abrangente revisão das regras de capital dos EUA desde a crise financeira mundial de 2008. O objetivo é reduzir a burocracia que, segundo a administração Trump, está a prejudicar a economia dos EUA.
REUTERS/Eric Thayer
3 Outubro 2025, 11h37

À medida que os reguladores do presidente Donald Trump reformulam as regras bancárias, os grandes bancos norte-americanos esperam que os requisitos de capital possam diminuir, numa vitória impressionante para o sector, que enfrentou um grande aumento sob a administração do ex-presidente Joe Biden, de acordo com executivos seniores do sector citados pela Reuters.

A Fed está a trabalhar na mais abrangente revisão das regras de capital dos EUA desde a crise financeira mundial de 2008. O objetivo é reduzir a burocracia que, segundo a administração Trump, está a prejudicar a economia dos EUA.

Além de restringir os aumentos de capital do “Fim do Jogo de Basileia”, que provocaram uma reação sem precedentes dos bancos de Wall Street, a Fed planeia reduzir uma sobretaxa de capital cobrada aos bancos globais de risco, reduzir uma restrição importante de alavancagem e rever os testes anuais que avaliam se os bancos podem resistir a um choque económico.

Os maiores bancos do país, que têm pressionado fortemente pela tão desejada revisão, estão optimistas de que as mudanças combinadas resultarão na manutenção ou queda dos seus níveis de capital regulatório, segundo a Reuters.

Este resultado esperado marcará uma reviravolta drástica para o sector, que enfrentou um aumento de 19% de requisitos de capital regulatório em 2023, de acordo com o projeto de regras de capital da Basileia, que propunha mudanças na forma como os grandes bancos avaliam os riscos de empréstimos e negociações.

Os grandes bancos queixam-se há muito tempo que as regras de capital são excessivas e mal calibradas, e que parte desse dinheiro poderia servir melhor a economia através de empréstimos.

Argumentam ainda que resistiram bem ao choque económico da pandemia de Covid-19.

Já os críticos dizem que os esforços para reduzir os requisitos de capital são perigosos e podem deixar o sector vulnerável numa altura em que as perspectivas para a economia dos EUA se estão a tornar nebulosas.

Com grandes bancos, incluindo o JPMorgan Chase, o Bank of America e o Citigroup, a deterem em conjunto cerca de um bilião de dólares de capital, mesmo uma pequena queda poderia libertar milhares de milhões de dólares para empréstimos, negociações, dividendos e recompra de ações.

“Verão aqui a simplificação ou flexibilização mais agressiva das regulamentações bancárias que já vimos, certamente desde a Lei Dodd-Frank e provavelmente algum tempo antes disso”, disse, citado pela Reuters, Ian Katz, diretor administrativo da Capital Alpha Partners, referindo-se à histórica lei pós-crise de 2010 que reformulou as regras bancárias.

A nova responsável pela regulação da Fed, Michelle Bowman, disse na semana passada que quer que as regras “funcionem bem em conjunto” e não esperava necessariamente uma queda dos requisitos de capital. Os reguladores divulgarão uma nova minuta do Acordo de Basileia no início de 2026, acrescentou.

“Os maiores bancos dos Estados Unidos são os mais fortes do mundo”, disse Amanda Eversole, CEO do Fórum de Serviços Financeiros, que representa os oito maiores bancos do país. “Modernizar as regras de capital permitir-lhes-á colocar essa força em prática, impulsionando o crescimento para os consumidores, as pequenas empresas e a economia”, acrescentou.

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