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Bastonário aplaude recuo em deixar região de Lisboa sem urgência de oftalmologia à noite

Bastonário da Ordem dos Médicos afirmou ao JE que é “positivo” o recuo da decisão Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) de deixar sem urgência de oftalmologia durante a noite a região da Grande Lisboa. Miguel Guimarães diz que após intervenção da Ordem vai ser mantido o modelo anterior, garantindo uma escala de urgência em presença física.
  • Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães
22 Julho 2020, 18h15

A Urgência Metropolitana de Lisboa (UML) de Oftalmologia vai continuar a ser garantida à noite com a presença física de médicos, assegurou ao Jornal Económico o Bastonário da Ordem dos Médicos (OM) depois de ter denunciado decisão “inaceitável” de deixar região de Lisboa sem urgência de oftalmologia durante a noite. Miguel Guimarães diz que decisão administrativa da ARSLVT de encerrar estas urgências para todo o Sul do País abrangeria quatro milhões de pessoas o que seria uma situação “preocupante”.

“Neste momento, esta questão já foi resolvida pela ARSLVT e a urgência de oftalmologia vai continuar a ser garantida à noite com a presença física de médicos. As pessoas do sul não podem ser discriminadas e a orientação que foi dada violava as boas práticas e as regras definidas pelo Colégio de Oftalmologia” que, tal como a OM, considerou esta decisão administrativa “inaceitável”, que deixava “sem uma resposta diferenciada de prontidão e de qualidade toda a zona sul do país”.

O Bastonário da Ordem dos Médicos considera, assim, o recuo da ARSLVT “positivo”, o que ocorreu, diz, depois da intervenção desta Ordem, salientando que este tipo de decisões “deveriam envolver todas as estruturas como a Ordem dos Médicos, que é quem define as boas práticas” e que “houve falta de diálogo”.

De acordo com a informação enviada no início desta emana pela ARSLVT aos hospitais, “durante o período das 20h às 8h não haverá atendimento de doentes externos, sendo que estes doentes serão observados no dia seguinte nos Hospitais da sua área ou, caso isso não seja possível, serão enviados durante o período diurno para o CHULN e para o CHULC, consoante as suas respetivas áreas de referenciação”.

Durante a noite, assumia a mesma nota da ARSLVT, apenas “haverá um oftalmologista de prevenção em cada polo que responderá a situações de doentes politraumatizados ou doentes internados que necessitem de atendimento oftalmológico emergente, assim como as situações de glaucoma agudo. Todos os restantes doentes contemplados nos critérios de referenciação previamente acordados, poderão ser diferidos para o dia seguinte”.

De acordo com as normas do Colégio de Oftalmologia, recorda a OM, a equipa tipo para urgências de oftalmologia com mais de 20 urgências (como é o caso do CHULN e CHULC) é composta por dois médicos em presença física, até porque em caso de necessidade de intervenção cirúrgica são necessários dois especialistas. No caso dos serviços que asseguram as urgências metropolitanas (Porto, Coimbra e Lisboa) onde seja expectável garantir cuidados cirúrgicos de urgência, defende-se até que os serviços tenham um terceiro elemento em regime de prevenção para garantir o normal funcionamento da urgência sempre que necessário.

Após a denúncia da OM e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que integra os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, veio dar conta de que “tendo em conta que o modelo de reorganização da UML-Oftalmologia, apesar de científica e clinicamente válido, não reúne ainda o necessário consenso alargado, o CHULN decidiu, em articulação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, manter o modelo anterior, garantindo uma escala de urgência em presença física”.

Esta medida, segundo um comunicado do CHULN, conta com “o esforço dos profissionais do Serviço de Oftalmologia e acautela um período de discussão mais alargado, ao mesmo tempo que permite tranquilizar os utentes nesta fase de pandemia”.

Na prática, salienta, o CHULN acabou por manter “o modelo presencial, já que a especialista que estava escalada de prevenção na última noite, data em que o novo modelo deveria entrar em vigor, permaneceu em presença no Hospital de Santa Maria durante todo o período”.

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