Numa altura em que os portugueses atravessam o pior momento da pandemia, já se assiste a um aumento da fadiga pandémica que se traduz na falta de cumprimento das medidas decretadas pelo Governo que, de momento, dão ordem de confinamento geral e recolher domiciliário.
De acordo com o bastonário da Ordem dos Psicólogos, este cansaço emocional também está relacionado com a falta de apoio psicológico que “resulta numa menor disponibilidade mental para processar informação” que, por sua vez, resulta numa dormência face aos números relativos à Covid-19 que, desde o início do mês, se têm vindo a agravar, tanto em número de casos como de mortes e internamentos.
“Existe uma transparência na quantidade e qualidade de informações”, reconhece Francisco Miranda Rodrigues, “no entanto, existe uma enumeração. Este excesso de informação pode não ser muito amigo da eficiência para a mudança de comportamentos e pode ate ser conflituosa”, alertou, esta quarta-feira, durante a audição conjunta com a Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos na Comissão eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da Covid-19 e do processo de recuperação económica e social, no Parlamento.
Assim, de modo a que os portugueses não só respeitem as medidas decretadas, mas também compreendam o que significa o agravamento da pandemia, o bastonário pede que a comunicação seja renovada.
“Se a comunicação que é feita não for uma dirigida, diferenciada, segmentada, simples e envolvente, os resultados vão ser insuficientes”, argumentou, acrescentando que a isto soma-se o “um efeito de habituação” resultante da “muita informação que tem sido colocada a circular”.
Mas a condição mental de cada um não é o único condicionante para a compreensão das medidas. Também os fatores socioeconómicos “dificultam o entendimento de informações”. “Este conjunto de fatores explicará muito do problema existente”, frisa.
Uma das sugestões que deixa é relativa aos jovens. Para Francisco Miranda Rodrigues, é crucial que sejam adotadas outras estratégicas nomeadamente quanto aos emissores e aos canais onde essa mensagem é difundida. “Se estamos a comunicar com jovens temos que comunicar através de canais que eles acedem e com uma linguagem própria”, explica, apelando ainda que deve ser feito um acompanhamento e monitorização da proteção de risco por grupo etário e áreas geográficas.
Se não for feita desta forma “dificilmente conseguimos depois ter dados suficientes para fazermos uma análise e prepararmos estratégias diferenciadas que envolvem meios de comunicação diferentes, com mensagem diferentes”, acrescentou.
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