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Batalha entre italianos e espanhóis pela compra da concessionária Atlantia

A ACS de Florentino Pérez e a família Benetton disputam o controle da concessionária Atlantia que domina a espanhola Abertis, naquela que pode ser uma das maiores operações de fusões e aquisições (M&A) do ano no mercado europeu. A oferta da ACS pode ascender a 45 mil milhões de euros a da Benetton deverá superar este valor.
7 Abril 2022, 11h19

Há duas ofertas rivais pela compra da concessionária de autoestradas italiana Atlantia que controla a concessionária espanhola Abertis, congénere da portuguesa Brisa. Uma de Florentino Pérez, o presidente do Real Madrid, e outra da família Benetton.

Depois da ACS de Florentino Pérez anunciar que pretende avançar com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) de 45 mil milhões sobre a Atlantia, foi a vez do grupo familiar italiano Benetton aparecer com a intenção de avançar com uma oferta alternativa sobre a concessionária italiana. A notícia da oferta rival foi avançada pelos jornais espanhóis, nomeadamente pelo El Economista depois de ser conhecido que a construtora espanhola ACS, liderada por Florentino Pérez (presidente do Real Madrid), está a estudar uma OPA sobre a italiana Atlantia em conjunto com os fundos GIP e Brookfield, naquela que pode ser uma das maiores operações de fusões e aquisições (M&A) do ano no mercado europeu. A oferta pode ascender a 45 mil milhões de euros, incluindo a dívida de 30 mil milhões de euros da empresa de infraestruturas italiana.

O El Economista noticia que a Benetton está com a Blackstone a montar uma uma oferta alternativa à da ACS para a Atlantia. A família Benetton enfrentará assim a ACS na corrida pela Atlantia. A Edizione, o seu braço de participações financeiras, através do qual controla 33,1% da concessionária de infraestruturas italiana, está a negociar com a gestora norte-americana Blackstone uma oferta alternativa à do grupo presidido por Florentino Pérez, que se aliou ao fundo canadiano Brookfield e ao americano GIP, para assumir o controle da gigante italiana, acionista da Abertis.

Os Benettons e Florentino Pérez voltam a travar uma batalha numa operação que se postula como uma das maiores do ano no mundo, diz o El Economista que contabiliza a capitalização bolsista da Atlantia, segundo a cotação de fecho da quarta-feira, em 15.690 milhões de euros.

A concessionária italiana e a ACS fizeram uma oferta pública de aquisição (ofertas públicas) para a Abertis em 2018, mas finalmente ambos os grupos chegaram a um acordo para andar de mãos dadas e evitar tornar a operação ainda mais cara, que se fechou mais de 18.300 milhões de euros. O acordo levou à aquisição de 50% mais uma ação pela Atlantia, mantendo a ACS 30% da Abertis e sua subsidiária alemã Hochtief ficou 20% menos uma ação. Além disso, nesta construtora alemã os dois gigantes também são sócios, de modo que a ACS detém 50,4% do capital da Hochtief e a Atlantia 15,9%.

Portanto a estrutura acionista da Abertis é composta pelo Grupo Atlantia com 50% mais uma ação; pela ACS com 30% e pela alemã Hochtief com 20% menos uma ação.

Já a estrutura acionista do grupo Atlantia é composto em 33,1% pela Sintonia (Edizione), ou seja, pela família Benetton. O segundo maior acionista com 8,29% é o fundo de Singapura GIC Pte. Depois surge o HSBC com 5,01% e por fim há 4,54% que está nas mãos da Fondazione Cassa di Risparmio di Torino. Há 0,84% nas mãos do Estado italiano e 48,2% em free float.

O interesse do grupo espanhol centra-se nas atividades rodoviárias da empresa italiana.

Mas os Benettons e a Blackstone estão a negociar uma oferta para assumir o controle total da Atlantia e excluí-la do mercado de ações, segundo o Financial Times.

A Blackstone faz parte do consórcio, juntamente com a CDP (Cassa Depositi e Prestiti) e o fundo australiano Macquarie, que concordou no ano passado em comprar a Autostrade (ASPI) da Atlantia por 9.300 milhões. Esta empresa é a maior gestora de autoestradas com portagem em Itália. A ACS também fez, há um ano, uma oferta não vinculativa por cerca de 10.000 milhões, que não se concretizou.

A ACS confirmou no final da tarde de quarta-feira que tem um “acordo de exclusividade” com dois dos grandes fundos de investimento internacionais, GIP e Brookfield, para comprar a maioria do negócio de concessões rodoviárias da Atlantia, sem que até à data tenha tomado uma decisão definitiva a esse respeito. O interesse da ACS parece estar essencialmente na Abertis. A concessionária espanhola contribuiu com 83,7% do lucro operacional bruto (EBITDA) da Atlantia em 2021.

A empresa italiana também possui ativos na América Latina, como Grupo Costanera, Los Lagos Sociedad Concesionaria, AB Concessões e Stalexport. No total, a Atlantia e suas subsidiárias gerem 9.400 quilómetros de autoestradas no mundo, com posição de destaque em França, Espanha, Chile e Brasil.

O El Economista diz que a compra da Abertis implicaria, em todo o caso, a consolidação no balanço da ACS de uma dívida líquida superior a 23.350 milhões de euros.

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