O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é uma proposta que se define com o objetivo de combater a retração da atividade económica que o nosso país enfrenta, crise esta que o Governo endossa ter sido agravada pela pandemia.
Note-se que os argumentos do chefe do Executivo do nosso Governo deslizam sempre na mesma direção, mormente na ânsia de vacinar toda a população, como sendo esta a rampa de saída desta crise e a pandemia como sendo a corriqueira e habitual justificação e absolvição do fracasso da gestão financeira por parte dos nossos governantes.
Este programa de aplicação nacional alineia-se, de perto, com o apoio e reforço da União Europeia, em todos os sentidos, numa tentativa de dar resposta à crise nacional instalada. Estima-se que esta estratégia dure até ao ano de 2030, sendo o montante financeiro nada mais nada menos do que 16.644 milhões de euros, dos quais 13.944 milhões correspondem a subvenções, já tendo sido adiantada e validada a hipótese de recorrer-se a mais 2.300 milhões de euros em empréstimos.
plano, foi, de facto, submetido, todavia já deveria ter sido executado. Estas dezenas de milhares de milhões de euros têm de ser executadas até 2026, caso contrário, Portugal poderá perder os fundos. Contudo, e ainda neste contexto, parece haver algumas tentações político-partidárias: o PRR tem de ser executado no território, e, citando ainda as palavras do nosso primeiro-ministro, a execução terá de ser feita seja o presidente da Câmara do PS, PSD, CDS ou PCP.
Mas, caro leitor, com as eleições à porta, há a irresistível tentação dos autarcas do mesmo partido que é o nosso governo tentarem agora realizar o que antes não fizeram, o que nunca pensaram sequer fazer, abrindo alas para que surjam dúvidas se o dinheiro realmente chegará às pessoas.
Esta tentativa, absolutamente inautêntica e farsante de colarem o referido plano e toda a publicidade envolvente que o atual Governo lhe faz, às supostas medidas de campanha autárquica, além de acarretar uma enorme dose de cinismo, é caraterizada como sendo um verdadeiro embuste e uma intolerável falta de reverência pelos Portugueses.
O primeiro-ministro disse esta semana que o sector onde o PRR vai atuar é o das “alianças mobilizadoras”, setor ao qual está dedicado um bilião de euros e que pode chegar aos três biliões, e que têm obrigatoriamente de juntar patentes desenvolvidas em Universidades e Politécnicos com empresas e, de preferência, com autarquias.
Quanto a esta questão, nada há a apontar, mas a previsão de um ou três biliões é realmente uma diferença abissal, e esta aposta só terá sentido se for um investimento a fundo perdido, em produto de valor acrescentado, envolvendo todo o conhecimento produzido pelo nosso sistema científico e tecnológico.
O objetivo primordial do nosso Governo deveria ser transformar conhecimento em desenvolvimento e proveito económico. Assim, o modelo de desenvolvimento deveria enquadrar-se por estas linhas, e a aposta deveria ser feita nestes sectores. Caso contrário, será apenas mais uma oportunidade perdida, uma utopia que não passa disso mesmo, de uma fantasia bonita de se ver num mundo que não corresponde à realidade que acontece em território nacional.
Caro leitor, como é do seu conhecimento, o dry martini é servido numa taça, sem vestígios de gelo. Ou seja, a partir desse momento, a bebida começa de imediato a aquecer. Uma vez acontece. Duas vezes é coincidência. À terceira é ação inimiga.