BCE questionou CGD sobre a descida do ‘spread’ de 0,50% para o crédito bonificado

A revelação foi feita por Paulo Macedo, presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos. “Fomos questionados pelo BCE” por causa do anúncio da redução de 50 pontos base do spread pago pelas famílias que encaixem no crédito bonificado, uma medida apresentada pelo Governo para mitigar o aumento do custo de vida e que já está em vigor.

“Não nos podemos esquecer que o apoio da CGD de 0,50% é limitado no tempo (até ao fim do ano), e ainda bem que assim é porque já fomos questionados pelo BCE porque se for uma redução do spread que a Caixa faça unilateralmente por muito tempo esses clientes podem ficar marcados, uma vez que essa redução do spread altera o valor do empréstimo”, disse Paulo Macedo.

A CGD baixou o ‘spread’ às famílias que estejam a beneficiar da bonificação de juros que foi decretada pelo Governo para ajudar a atenuar os efeitos da subida das taxas de juro. O banco público decidiu  “complementar” os esforços do Estado com uma redução do ‘spread’ de até 50 pontos base.

Em termos de números do crédito bonificado, a CGD revelou que, ao todo, os créditos que foram abrangidos pela bonificação do Estado somam 2.480. ” No total, entre fevereiro e junho, foram abrangidos pelos juros bonificados 2.480 clientes”, disse o presidente do banco na conferência de imprensa.

“O que é de esperar é que a bonificação do Estado suba e a nossa pare em dezembro”, referiu Paulo Macedo.

Relativamente as créditos que estão a ter juros bonificados na CGD “temos cerca 1.756 operações” revelou o CEO do banco.

“Em fevereiro o número de clientes com juros bonificados era 181 e agora passou para 1.220 com a 1.756 operações. Não sei se esta progressão se vai continuar a manter”, acrescentou Paulo Macedo.

“Os juros bonificados têm valor um diminuto, mas crescente e multiplicou por sete em cinco meses. Se os juros subirem haverá mais gente a qualificar para a bonificação dos juros” concluiu.

O CEO da CGD disse ainda que o banco “não agravou a restrição de crédito, continuamos a trabalhar com o mesmo Loan-to-Value e baixámos o spread”.

Na conferência de imprensa, o banqueiro foi ainda questionado pela reunião da banca no Ministério das Finanças para discutir medidas novas para as famílias em dificuldades. Mas Paulo Macedo não quis comentar a reunião com Fernando Medina.