O Banco Comercial Português apresentou 57,8 milhões de resultados líquidos incluindo provisões de 112,8 milhões para riscos legais associados a créditos em francos suíços na Polónia.
O lucro supera a previsão do analista do CaixaBank/BPI que previa uma subida homóloga de 35% no lucro líquido do primeiro trimestre deste ano para os 48 milhões de euros, numa nota de previsão dos resultados que o Jornal Económico divulgou há uma semana.
O grupo BCP anunciou uma subida de 424 mil clientes digitais, tendo a subida em Portugal sido de 185 mil clientes.
A rentabilidade dos capitais próprios fixou-se em 4%, o que compara com 2,4% um ano antes.
Em Portugal o BCP subiu os lucros de 16,2 milhões em março de 2020 (incluindo uma provisão Covid de 60 milhões inicial para 83,4 milhões de euros. Este resultado líquido na atividade doméstica foi influenciado pelo reforço da
margem financeira e pela redução dos custos operacionais (-2,8%) e das outras provisões. O produto bancário em Portugal cresceu 4,6% para 373,6 milhões.
Já as operações internacionais (Polónia, Moçambique e outros) deram um prejuízo no trimestre de 54,7 milhões de euros. Muito influenciado pelo Millennium Bank, na Polónia já que o BIM teve lucros de 15,5 milhões.
O grupo Bank Millennium, detido em 50,1% pelo BCP, registou prejuízos de 311 milhões de zlótis, cerca de 68,6 milhões de euros, nos três primeiros meses deste ano, devido às imparidades para riscos com litígios judiciais com os créditos concedidos em francos suíços no passado.
Os resultados consolidados do grupo BCP incorporam um reforço expressivo de imparidades e provisões de 242,8 milhões de euros (mais 20,3% face ao período homólogo). Mas Miguel Maya não detalhou quais as que eram para acautelar o impacto do Covid.
A margem financeira caiu 2,5% para 376 milhões de euros (tendo subido em Portugal 9,7%) e as comissões caíram 1% para 177,9 milhões, apesar da subida das comissões de mercado (em Portugal as comissões subiram 0,2%. Os resultados de operações financeiras foram de 42,9 milhões abaixo dos 61,4 milhões no período homólogo.
O BCP destaca a redução de 9,2% dos custos operacionais consolidados com um cost-to-income de 47%. As contribuições obrigatórias caíram 22,2% para 28,3 milhões de euros.
O resultado antes de imparidades e provisões aumentou 5,8% para 329,5 milhões no primeiro trimestre.
O BCP reportou uma redução do Non-Performing Exposure em contexto adverso. Foram menos 827 milhões desde março do ano passado, dos quais 725 milhões em Portugal e menos 195 milhões desde o início do ano no grupo, dos quais 170 milhões em Portugal.
O stock de crédito malparado (NPE) do BCP soma em março 3,1 mil milhões de euros, superando a meta prevista da administração do banco para este ano.
Os créditos classificados como NPE (Non-Performing ou malparado) em Portugal totalizam 2,2 milhões no final de Março de 2021, descendo 0,7 mil milhões face a Março de 2020 e 0,2 mil milhões desde o final de 2020. O BCP diz que a redução face a Março de 2020 resulta de 0,2 mil milhões de write-offs e de vendas de 0,6 mil milhões.
O CEO do banco não quis adiantar nada sobre a venda de carteiras, limitando-se a confirmar que o BCP está sempre no mercado a vender carteiras de créditos problemáticos porque essa é uma forma de redução dos NPE. O Eco noticiou que o BCP colocou no mercado este ano uma carteira de crédito malparado no valor de 180 milhões de euros.
No consolidado, as imparidades líquidas de recuperações somaram 111 milhões em março o que traduz um aumento de 28,8% face ao período homólogo. O impacto na conta de resultados foi negativo em 24,9 milhões de euros.
Em Portugal as imparidades líquidas de recuperações somaram 91 milhões de euros. O BCP explicou ainda que as entradas líquidas em NPE (malparado) “refletem uma abordagem prudente na classificação de risco dos créditos impactados pela pandemia”.
O decréscimo de NPE em Portugal face a Março de 2020 é atribuível a reduções de 0,4 mil milhões dos NPL (crédito em incumprimento a mais de 90 dias) e de 0,3 mil milhões dos outros NPE.
O custo do risco fixou-se em 0,79% no grupo e 0,94% em Portugal tendo aumentado em linha com o reforço de imparidades. Em termos de cobertura por imparidades o rácio atingiu os 65% (mais 10 pontos percentuais face a março do ano passado). Havendo uma cobertura total (incluindo colaterais) de 116% ao nível do grupo.
O Millennium BCP reporta em Portugal valores superiores de cobertura por imparidades “nas empresas, em que os colaterais imobiliários, de valor mais previsível e com maior liquidez em mercado, são menos representativos que nos particulares. Portanto a cobertura por imparidades nos NPE das empresas foi de 76% em Março de 2021, ascendendo a 102% nos NPL a mais de 90 dias (91% e 130%, respetivamente, considerando cash, colaterais financeiros e expected loss gap)”
O crédito a clientes subiu 3% face a março de 2020, e em Portugal subiu 3,5% ou 1,3 mil milhões num ano.
No balanço, o crédito performing aumentou em Portugal dois mil milhões de euros, o que traduz um crescimento de 5,9% face a março de 2020. O banco teve um crescimento de 10,9% de crédito performing a empresas e ao nível do grupo, o crédito performing aumentou 2,5 mil milhões, o que traduz uma subida de 4,9% face ao período homólogo.
Ao nível dos recursos de clientes o grupo cresceu em 7,1 mil milhões, uma subida de 8,9% face a março de 2020 (9,9% em Portugal) e em 2,6 mil milhões desde 1 de janeiro deste ano.
Os recursos de clientes incluem depósitos, débitos titulados, ativos sob gestão, ativos distribuídos e seguros de poupança e de investimento.
O banco apresenta um rácio de capital de 15,5% e um rácio de capital CET1 de 12,2%, acima dos requisitos e os níveis de liquidez são confortáveis, com o rácio de transformação nos 83%. Já o LCR (Liquidity coverage ratio) está em 270%.
As ações do banco fecharam a disparar 3,09% para os 0,16 cêntimos, um máximo histórico.
(atualizada)
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