O BCP registou lucros consolidados de 856 milhões em 2023, o que compara com os lucros do Millennium BCP em 2022 que foram de 207,5 milhões (+312,5%), mas que, em termos reexpressos pela aplicação das regras IFRS, nesse ano, foram corrigidos em baixa para 197,4 milhões de euros. Pelo que a subida anual é de 333,7%.
A rentabilidade medida pelo ROE é de 16% acima do custo do capital.
O BCP destacou o aumento do resultado operacional core do grupo em 31,7% para 2.434,8 milhões de euros, suportado no aumento de 23,1% dos proveitos core (nomeadamente da margem financeira que subiu +31,4% para 2.825,7 milhões) e na gestão rigorosa dos custos operacionais, que aumentaram 8,3% face a 2022 para 1.162,6 milhões de euros.
As comissões mantiveram-se em 771,7 milhões de euros.
O rácio de eficiência manteve-se nos 32%, anunciou o banco.
Tal como já acontecera no terceiro trimestre, os resultados incluem os efeitos relacionados com o Bank Millennium, nomeadamente os encargos de 779,72 milhões de euros associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços, dos quais estão incluídas as provisões de 623 milhões de euros (inclui provisões para riscos legais), que incluem a aplicação de pressupostos mais conservadores ao modelo de provisionamento decorrentes da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia.
Este número não inclui provisões relacionadas com a carteira do Euro Bank de créditos hipotecários (garantida pelo banco que era dono antes da venda ao BCP, o Société Générale).
Mas também os resultados beneficiaram de 139,1 milhões de euros, relacionados com a venda de 80% da participação na Millennium Financial Services no âmbito da parceria estratégica na área de bancassurance.
O Rácio CET 1 fully implemented (inclui resultados não auditados de 2023) atingiu os 15,4%.
O resultado líquido da atividade em Portugal fixou-se em 724,9 milhões de euros em 2023. Na atividade doméstica a receita da margem financeira subiu 54,2% para 1.466,6 milhões.
Os custos em Portugal subiram 2,5% de 616,7 milhões de euros, o que explica o rácio de eficiência nos 30%.
Os clientes superam os 6.700 no grupo e em Portugal já são mais de 2.700. O BCP realçou o crescimento da base de clientes, com destaque para o aumento de clientes mobile (10% face a dezembro de 2022) que representam 68% do total de clientes.
O banco revelou os rácio de liquidez. Liquidity Coverage Ratio (LCR) de 276%; o Net Stable Funding Ratio (NSFR) de 167%; e o Loans to Deposits Ratio (LtD) de 71%.
O BCP salientou a redução expressiva de ativos não produtivos face a dezembro de 2022. O stock de NPE, em termos consolidados, diminuiu para 1.952 milhões de euros em 31 de dezembro de 2023, apresentando uma redução de 266 milhões de euros face ao final de 2022.
O BCP vendeu no ano passado 48 milhões de NPL (carteiras de malparado).
O rácio de NPE (Non-Performing Exposure) fixou-se em 3,4 % e a cobertura em 81,8%.
O custo do risco fixou-se em 0,42%.
O banco reportou ainda que reduziu em 83 milhões de euros em imóveis detidos em balanço recebidos por recuperação (foreclosed assets) e tem hoje imóveis no valor de 100 milhões de euros.
O banco anunciou ainda uma queda de 45 milhões de euros nos fundos de reestruturação.
Entre imóveis e fundos de reestruturação o BCP reporta uma redução combinada de 14,0% face a dezembro de 2022.
“As imparidades estão claramente acima dos mil milhões (1.099,8 milhões de euros)”, reconheceu o CEO do BCP que admitiu serem muito elevadas. Este valor inclui o montante de 623,0 milhões de provisões para riscos legais em créditos hipotecários em francos suíços na Polónia.
Perante o facto de a subida da margem financeira já ter atingido o seu pico, Miguel Maya referiu que “isso vai ter um impacto” nas receitas do banco.
O facto de o pico da margem financeira ter sido no terceiro trimestre explica que os resultados do quarto trimestre tenham sido inferiores aos do 3º trimestre.
Com a normalização do balanço do banco a expectativa é de alocar no futuro menos imparidades, disse o CEO do banco. “Temos todas as condições para manter a rentabilidade acima do custo do capital”, disse o banqueiro.
No balanço os recursos de clientes subiram +2,7% para 95,29 mil milhões de euros. Aqui a subida dos depósitos acompanha (2,7 %) e fixa-se em 77,9 mil milhões.
O crédito a clientes caiu 1,6% face a 2022 ao somar 56,8 mil milhões de euros em termos consolidados. No banco em Portugal a queda foi superior (recuou 3,8%) e fixou-se em 38,6 mil milhões. Em Portugal, o crédito performing caiu 3,3% para 37,5 mil milhões
Em termos de reestruturações de créditos, Miguel Maya reestruturou 22.073 créditos em 2023, dos quais “2.500 por dificuldades financeiras” e ao abrigo do decreto-lei do Governo fixou-se em 1.170 contratos.
Os créditos bonificados somam 6.238 contratos (4.656 ao abrigo do decreto lei mais recente e 1.582 ao abrigo do DL anterior).
O presidente do BCP começou a conferência de imprensa por agradecer o investimento que os acionistas têm feito no banco, numa altura em que a Fosun reduziu a participação para 20%.
O BCP conclui o ano a superar todas as metas do plano estratégico.
(atualizada)
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