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BCP com “vontade” de devolver já este ano aos trabalhadores salários cortados

“É essa a minha vontade”, disse Miguel Maya aos jornalistas, à margem da assinatura de um protocolo no Ministério da Economia, em Lisboa, para financiamento às empresas, quando questionado sobre se este ano o banco irá começar a devolver aos trabalhadores parte dos salários retidos entre 2014 e 2017.
Cristina Bernardo
16 Janeiro 2019, 17h31

O presidente do BCP disse hoje que tem “vontade” de este ano começar a devolver aos trabalhadores o dinheiro retido em cortes salariais, mas que a medida terá de ser ponderada para não pôr em causa a solidez do banco.

“É essa a minha vontade”, disse Miguel Maya aos jornalistas, à margem da assinatura de um protocolo no Ministério da Economia, em Lisboa, para financiamento às empresas, quando questionado sobre se este ano o banco irá começar a devolver aos trabalhadores parte dos salários retidos entre 2014 e 2017.

O gestor acrescentou que a administração do Millennium BCP está a “trabalhar para que seja possível” fazer isso, uma vez que o banco reconhece o esforço dos trabalhadores nos momentos de maior dificuldade, mas indicou que tal terá de ser feito “de forma equilibrada” para “não fragilizar o banco”.

O presidente executivo do maior banco privado português recusou indicar o valor que poderá ser já devolvido aos trabalhadores, referindo que primeiro é necessário fechar as contas de 2018 e apresentar os resultados ao mercado.

“Nós já comunicámos que temos essa intenção e a próxima vez que falarmos sobre isso será para dizer quanto é e quando é”, concluiu.

Entre meados de 2014 e meados 2017, os trabalhadores do BCP com remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais tiveram os salários cortados (entre 3% e 11%), no âmbito do plano de reestruturação acordado com Bruxelas que se seguiu à ajuda estatal (de 3.000 milhões de euros) e que implicou também o fecho de balcões e a saída de milhares de trabalhadores em programas de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo.

O fim dos cortes salariais acabou em julho de 2017, tendo então o banco dito que permitiram salvar 400 postos de trabalho.

Então, a administração executiva do banco também prometeu que quando a instituição financeira regressasse a lucros distribuíveis aos acionistas que iria propor em assembleia-geral a reposição do valor cortado, dizendo que esse não deve ser “inferior ao valor total não recebido durante o período temporário de ajustamento salarial”.

Em julho do ano passado, Miguel Maya estimou o valor cortado em salários entre 30 e 40 milhões de euros e disse que queria “começar a repor o mais cedo possível” o dinheiro perdido no passado através da distribuição de bónus aos funcionários.

Contudo, desde então não houve novidades públicas.

O BCP é o maior banco privado português e tinha em setembro passado mais de 7.000 trabalhadores em Portugal.

Nos primeiros nove meses de 2018 o banco teve lucros de 257,5 milhões de euros, quase o dobro do mesmo período do ano passado.

O Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários, independente, e o Sindicato dos Bancários do Norte, ligado à UGT, anunciaram hoje que vão concertar ações de luta, sendo que uma das causas em que se empenharão de forma conjunta é junto do BCP, quer para que o banco comece o mais brevemente possível a devolver aos trabalhadores os cortes feitos nos salários entre 2014 e 2017 quer para que atualize os salários referentes a 2018 e 2019.

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