O processo de negociações directas, encetado logo nos primeiros dias de Dezembro de 2019, em que três sindicatos bancários se têm sentado para negociar com a administração do Millennium bcp, relativo à revisão para 2020 das tabelas e cláusulas de expressão pecuniária e não pecuniária do Acordo Coletivo de Trabalho, foi apenas brevemente interrompido na fase do estado de emergência.

Na retoma das negociações, o banco apresentou uma contraproposta de aumento de 0,3% da tabela salarial, pensões de reforma, pensões de sobrevivência e das cláusulas pecuniárias. Longe da proposta de 2,5%, por parte do coletivo constituído pelo SNQTB, SBN e SIB, os três supracitados sindicatos. É um primeiro passo no sentido do desbloqueio das negociações, com a administração do banco a reconhecer, e bem, que em tempos de pandemia é possível e legítimo proceder a aumentos das tabelas e de outros valores retributivos. Porque a responsabilidade social e o sentido de dever deve impelir as partes negociantes à procura do que podem ser as melhores decisões para a atividade de intermediação e aconselhamento financeiro, em geral, bancária no caso particular.

A pandemia obriga-nos a olhar para os trabalhadores como fundamentais para garantir o presente, e o futuro, em condições de rendibilidade e sustentabilidade social, impulsionando as transformações necessárias para assegurar a continuidade do negócio bancário, hoje e amplamente demonstrado, indispensável ao apoio à recuperação económica, sustentada, de empresas e famílias em Portugal.

Não nos esquecemos, em momento algum, que os bancários estiveram, desde a primeira hora e ininterruptamente, na primeira linha, mantendo o pleno funcionamento dos bancos em todo o país, pelo que merecem inquestionavelmente que o seu profissionalismo e entrega seja devidamente considerado na revisão salarial para este ano.

Não obstante a proposta do Millennium bcp ainda estar longe das pretensões, fundamentadas, dos sindicatos, e distante dos acordos alcançados em contratação coletiva de outros sectores, não deixa de ser um sinal inequívoco para outras mesas negociais no sector bancário, ainda e sempre agarradas a uma ladainha dos “tempos negros que se advinham”. Ineficaz e sem sentido, pela sua reiterada utilização, ano após ano, qualquer que seja a fase do ciclo económico.

Em resumo, um primeiro passo, mas não o último, a denotar sentido de liderança e responsabilidade social. Quer o Millennium bcp, quer por maioria de razão os outros bancos, têm condições de ir mais além. É justo que o façam! Os bancários nunca viraram a cara às adversidades.