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BCP sobe lucros para 270,3 milhões até setembro

O resultado líquido do grupo foi de 270,3 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2019, impulsionado pela expansão dos proveitos core em 7,0% e pela redução das imparidades e provisões em 12,1% face ao período homólogo do ano anterior.
  • Cristina Bernardo
7 Novembro 2019, 18h11

O resultado líquido consolidado do Millennium bcp ascendeu a 270,3 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2019, revelando um aumento de 5% face aos 257,5, milhões apurados em igual período do ano anterior. Esta evolução foi determinada pelo “bom desempenho” da atividade em Portugal, com um menor contributo da atividade internacional face ao período homólogo do ano anterior. O resultado do terceiro trimestre  inclui um ganho de 13,5 milhões de euros, resultante da alienação do Grupo Planfipsa em fevereiro de 2019, refletido como resultados de operações descontinuadas ou em descontinuação.

Na atividade em Portugal, o resultado líquido evidenciou um crescimento de 7,1% face aos 117,1 milhões de euros alcançados no terceiro trimestre de 2018, totalizando 125,5 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2019. Este número não considera o resultado de operações classificadas contabilisticamente como descontinuadas ou em descontinuação, explicou o banco.

Na conferência de imprensa Miguel Maya, CEO do banco disse que este era o melhor resultado dos últimos 12 anos.

Este crescimento dos lucros  ficou a dever-se principalmente à evolução favorável das imparidades, quer no que respeita ao crédito, quer às outras imparidades e provisões. Mas, à exceção dos custos operacionais e dos resultados por equivalência patrimonial, todas as rubricas ajudaram a esse crescimento.

A evolução do produto bancário também contribuiu para o bom desempenho da atividade em Portugal,  com o aumento da margem financeira, dos outros resultados de exploração e dos resultados em operações financeiras. Inversamente, o crescimento do resultado em Portugal foi atenuado pela subida dos custos operacionais e pela redução dos resultados por equivalência patrimonial, face ao período homólogo do ano anterior.

Nos resultados consolidados, a margem financeira subiu 9,5% para 1.052,8 milhões de euros no terceiro trimestre de 2019, devido maioritariamente ao desempenho favorável da atividade internacional, mas também à evolução positiva da atividade em Portugal.

Em Portugal, a margem financeira cifrou-se em 600,1 milhões de euros que compara com 595,8 milhões de euros apurados no período homólogo do ano anterior, alicerçada fundamentalmente na redução do custo do funding, nomeadamente na diminuição do custo da dívida emitida, conjuntamente com o decréscimo do custo dos depósitos a prazo.

Apesar da redução do valor total da carteira de crédito associado à redução das non-performing exposures, o crédito vivo teve um contributo positivo para a evolução da margem financeira apurada nos nove meses quando comparada com o período homólogo do ano anterior. Ao invés, a carteira de títulos teve um contributo inferior como consequência da persistência de um cenário de mercado caracterizado por baixas taxas de juro.

Na atividade internacional, o resultado líquido totalizou 131,4 milhões de euros em setembro de 2019, comparando com 140,8 milhões de euros apurados no período homólogo, devido essencialmente ao desempenho das operações na Polónia (que inclui impactos não recorrentes resultantes do reconhecimento inicial de alguns ativos da operação Euro Bank  adquirida em maio), e em Moçambique. “Importa, no entanto, salientar o aumento do resultado core, que evoluiu 16,4%, impulsionado pela evolução da operação polaca”, refere o BCP.

Na atividade internacional, a margem financeira apresentou uma subida de 21% face aos 457 milhões registados no ano anterior, ascendendo a 552,8 milhões de euros nos primeiros 9 meses de 2019, determinada pelo bom desempenho da subsidiária polaca, especialmente no que diz respeito à evolução do rendimento proveniente da carteira de crédito e da integração do EuroBank. A taxa de margem financeira do Grupo, no terceiro trimestre de 2019, situou-se em 2,2%.

Os rendimentos de instrumentos de capital, que incluem os dividendos e os rendimentos de partes de capital recebidos de investimentos, em conjunto com os resultados por equivalência patrimonial, totalizaram 39,7 milhões de euros no terceiro trimestre de 2019, que comparam com 72,5 milhões reconhecidos no mesmo período de 2018, penalizados pela evolução dos resultados por equivalência patrimonial provenientes quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional.

Na atividade em Portugal, destaca-se a redução de 43,1 milhões de euros para 27,9 milhões devido aos resultados gerados pela participação na Millennium Ageas, que caíram 7,7 milhões influenciados pelo impacto reconhecido pelo cenário de descida de taxas de juro e os resultados gerados pelas participações na SIBS e na Unicre que, em conjunto, apresentaram uma quebra de sete milhões de euros face ao ano anterior.

Na atividade internacional, a apropriação dos resultados gerados pelo Banco Millennium Atlântico foi inferior ao valor apurado no período igual de 2018, para 11,1 milhoes, em larga medida justificada pelo término da aplicação da IAS 29, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2019. Excluindo o impacto da IAS 29 em ambos os períodos, a apropriação dos resultados gerados pelo Banco Millennium Atlântico evidenciou uma redução de apenas três milhões de euros, explica a instituição.

Ainda ao nível da receita, nos resultados do terceiro trimestre de 2019, as comissões líquidas totalizaram 519,1 milhões, situando-se ligeiramente acima dos 510,1 milhões de euros obtidos no mesmo período do ano anterior. A evolução das comissões líquidas, em termos consolidados, reflete o desempenho registado quer na atividade em Portugal, quer na atividade internacional, na medida em que as taxas de variação face a igual período de 2018 foram de 5,3% e 6,1%, respetivamente.

As comissões líquidas, em termos consolidados, incorporam desempenhos distintos, na medida em que as comissões bancárias continuam a progredir favoravelmente ao evidenciar um crescimento face ao período homólogo de 2018, enquanto as comissões relacionadas com os mercados financeiros reduziram no mesmo período.

Nos primeiros nove meses de 2019, os resultados em operações financeiras subiram 33% para 119,1 milhões de euros, traduzindo o bom desempenho, quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional que cresceram.

Na atividade em Portugal, destacam-se os ganhos, no montante de 58,5 milhões de euros, reconhecidos com a alienação de títulos de dívida pública portuguesa (16 milhões de euros no terceiro trimestre de 2018), bem como os menores custos com a alienação de créditos, que até setembro ascenderam a 27,4 milhões de euros.

Os outros proveitos de exploração líquidos, que, entre outros, incorporam os custos relacionados com as contribuições obrigatórias dos bancos e com os fundos de garantia de depósitos e de resolução, totalizaram 87,9 milhões de euros negativos, impulsionados pelo desempenho da atividade em Portugal, parcialmente mitigado pela evolução negativa da atividade internacional.

Na atividade em Portugal, os outros proveitos de exploração líquidos evoluíram dos 44,7 milhões de euros negativos no mesmo período de 2018 para 52,5 milhões de euros também negativos nos primeiros 9 meses de 2019.

Custos sobem

Os custos operacionais somaram 808 milhões nos nove meses, acima dos 742,2 milhões do período homólogo. Em Portugal subiram 2,9% para 470,4 milhões.

Os custos com o pessoal, não considerando o efeito dos itens específicos, totalmente reconhecidos na atividade doméstica, situaram-se em 463,6 milhões de euros, apresentando um aumento de 9,5% face registados no período homólogo do ano anterior. Esta evolução reflete, maioritariamente, o acréscimo de custos a que se assistiu na atividade internacional, mas também, embora com menor expressão, na atividade em Portugal.

Na atividade em Portugal, os custos com o pessoal cresceram 3,0% em relação aos 269,2 milhões de euros registados nos primeiros nove meses do ano anterior, cifrando-se em 277,4 milhões de euros até 30 de setembro de 2019. Estes montantes excluem o impacto negativo dos itens específicos que totalizaram 24,4 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2019 e 12,0 milhões de euros no mesmo período de 2018, ambos referentes a custos de reestruturação, sendo que em 2019 incluem também os custos com a compensação pelo ajuste temporário dos salários.

A evolução dos custos com o pessoal na atividade em Portugal ficou a dever-se, em parte, ao aumento do número de colaboradores, que cresceu de 7.130 em 30 de setembro de 2018 para 7.259 na mesma data de 2019, refletindo oreforço das competências dirigidas à transformação digital e a internalização de outsourcers.

No terceiro trimestre de 2019, as dotações para imparidade do crédito (líquidas de recuperações) situaram-se em 299 milhões de euros, apresentando uma redução de 11,2%. Dada a dinâmica decrescente das imparidades de crédito em Portugal, a redução teria sido mais acentuada, não fosse o efeito inicial da aquisição do Euro Bank na atividade internacional, diz o banco.

Na atividade em Portugal, as imparidades para riscos de crédito continuaram a evidenciar uma tendência decrescente, registando uma quebra de 28,4% para 206,3 milhões de euros em setembro de 2019.

Na atividade internacional, as imparidades do crédito, evoluíram de 48,6 milhões de euros para 92,7 milhões de euros entre 30 de setembro de 2018 e 30 de setembro de 2019, devido, sobretudo, ao efeito, no momento da aquisição do Euro Bank, da imparidade constituída para fazer face aos riscos implícitos na carteira de crédito.

O custo do risco líquido do Grupo evoluiu favoravelmente de 88 pontos base no período de 2018 para 73 pontos base no terceiro trimestre deste ano, incorporando o impacto da aquisição do Euro Bank na Polónia.

As outras imparidades e provisões situaram-se em 78,1 milhões de euros, que compara com 92,2 milhões no mesmo período de 2018. Este decréscimo foi determinado simultaneamente pela evolução verificada quer na atividade em Portugal, quer na da atividade internacional.

Na atividade em Portugal, as outras imparidades e provisões tiveram uma quebra de 10,8% de 76,6 milhões de euros em para 68,3 milhões num ano.

Os impostos (correntes e diferidos) sobre lucros ascenderam a 174 milhões de euros, montante que compara com 109,5 milhões de euros apurados em igual período de 2018. Estes incluem, no período, impostos correntes de 75,2 milhões de euros e impostos diferidos no montante de 98 milhões de euros.

O aumento do gasto com impostos diferidos em 2019 face a 2018 decorre essencialmente da anulação de ativos por impostos diferidos em consequência da alteração das perspetivas de evolução futura das taxas de juro de mercado, com manutenção prolongada do regime de taxas de juro baixas, e do efeito das perdas atuariais ocorridas ao nível do fundo de pensões, explica o banco.

 

Crédito cresce no consolidado mas desce em Portugal

A carteira de crédito (bruto) consolidada do Millennium bcp situou-se em 54,658 milhões de euros em 30 de setembro, evidenciando um aumento de 6,9% face aos apurados na mesma data do ano anterior, beneficiando da evolução da atividade internacional.

Na atividade em Portugal, o crédito a clientes (bruto) situou-se nos 37.203 milhões de euros abaixo do registado em 30 de setembro de 2018.

O BCP salienta que a diminuição a que se assistiu ficou a dever-se à redução de NPE de 1.855 milhões.

A qualidade da carteira de crédito continuou a evoluir favoravelmente, “traduzindo o enfoque na seletividade e monitorização dos processos de controlo do risco de crédito e das iniciativas encetadas pelas áreas comerciais e pelas áreas de recuperação de crédito, no sentido de reduzir o montante do crédito em incumprimento”.

“Esta melhoria pode ser constatada pela evolução favorável dos indicadores de qualidade do crédito, nomeadamente pela evolução do rácio de NPE que evidenciou uma redução de 12,3% em 30 de setembro de 2018 para 8,4% no final do terceiro trimestre de 2019”, diz o BCP que acrescenta que a redução dos riscos implícitos na carteira de crédito do Grupo encontra-se também suportada pelo aumento generalizado dos graus de cobertura, nomeadamente no que respeita ao reforço da cobertura de NPE por imparidades, que evoluiu de 50,8% em setembro 2018 para 55,1% em setembro de 2019. Na atividade em Portugal, a cobertura de NPE por imparidades situou-se em 54,1%, que compara com 48,4% relevados no final de setembro de 2018.

Do outro lado do balanço, os recursos totais de clientes evidenciaram um aumento de 10,1% ascendendo a 80.166 milhões de euros no final de setembro deste anos, devido ao bom desempenho quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional. O que traduz um crescimento de 7.381 milhões de euros, face a 30 de setembro de 2018.

Na atividade em Portugal, os recursos totais de clientes situaram-se em 56.177 milhões de euros em 30 de setembro de 2019, o que traduz uma subida de 5,7% em relação aos 53.171 milhões de euros relevados na mesma data do ano anterior. Esta evolução ficou a dever-se ao desempenho quer dos recursos de balanço, cujo crescimento no período foi de 1.890 milhões de euros, quer dos recursos fora de balanço que registaram um aumento de 1.116 milhões de euros, alicerçados respetivamente no crescimento dos depósitos e outros recursos de clientes e nos seguros de poupança e investimento.

Em 30 de setembro  de 2019, os recursos de clientes de balanço representavam 76% dos recursos totais de clientes, com os depósitos e outros recursos de clientes a representarem 74% dos recursos totais de clientes.

O rácio de transformação situou- se em 88%.

No capital, destaque para o rácio de CET1 que se fixou em 12,3%.

 

Destaque dos nove meses 

O BCP realçou na conferência, a emissão de títulos representativos de dívida subordinada no montante de 450 milhões de euros, com um prazo de 10,5 anos, com opção de reembolso antecipado pelo Banco no final de 5,5 anos, e uma taxa de juro de 3,871%, ao ano, durante os primeiros 5,5 anos (correspondente a um spread de 4,231% sobre a taxa mid-swaps de 5,5 anos), inserindo-se esta emissão na estratégia do Millennium bcp de otimizar a sua estrutura de capital e reforçar a sua  presença no mercado de capitais internacional.

Mas também, destacou que no âmbito do processo negocial encetado com os Sindicatos subscritores dos Acordos Coletivos de Trabalho do Grupo BCP para a revisão das tabelas salariais e outras cláusulas de expressão pecuniária para os anos de 2018 e 2019, o Banco chegou a acordo com o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e com o Sindicato dos Bancários do Centro.

O BCP reforçou a importância do acordo à proposta de mediação apresentada pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, o que se traduz na atualização da tabela salarial e das cláusulas de expressão pecuniária para o ano de 2018 dos Colaboradores filiados no Sindicato dos Bancários do Norte, Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários e Sindicato Independente da Banca, ficando pendente com estes sindicatos o acordo para a revisão da tabela salarial de 2019.

O banco lembrou a notificação pela Autoridade da Concorrência da decisão de condenação proferida no âmbito de um processo por alegadas práticas restritivas da concorrência relativas à partilha de informação comercial sensível entre instituições de crédito nos segmentos do crédito à habitação, crédito ao consumo e crédito a empresas, tendo a coima fixada ao BCP ascendido a 60 milhões de euros.

(atualizada)

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