Oh não, mais um artigo sobre a Web Summit. Mais uma opinião sobre alguém que se deslumbrou, pasme-se, com todo o avanço tecnológico que já diariamente nos passa à frente ou nos é profetizado por um sem número de notícias e de tendências e resumos de tendências diárias e como a inteligência artificial e a Sofia vão tomar conta disto tudo num futuro próximo… Espere, talvez não seja mais um artigo desse género.
Arrisque a ler, porque venho falar-lhe sobre a relevância da Web Summit, sim, mas para o mercado publicitário português. E não estou a falar do facto de ter sido uma semana fantástica de trabalho para que os que ficaram no escritório, com as salas meio vazias e os telefones quase sem tocar, porque efetivamente uma boa parte da indústria andou pela Web Summit.
E porquê? Porque é relevante a Web Summit para o mercado publicitário nacional? Em primeiro lugar, como toda a conferência, significa formação, atualização, uma oportunidade única de se assistir aos melhores speakers de todo o mundo, sem se ter que incorrer em avultadas despesas à volta do mundo para os acompanhar, para aprender e nos sentirmos inspirados.
De repente temos CMO, CTO e CPO globais das maiores marcas mundiais, um Edward Snowden, uma Margrethe Vestager e outros grandes nomes a apenas cinco estações de metro de distância, como se fosse normal, como se Portugal sempre tivesse estado no mapa deste tipo de eventos. Ver, ouvir, aprender com eles, conhecer potenciais parceiros, estabelecer contactos, trocar opiniões com pessoas de 163 países.
É relevante também porque o futuro da publicidade tem efectivamente cada vez mais tecnologia, dados Inteligência Artificial, Machine Learning, 5G, e tudo o que orbita à volta deste ecossistema. Acontece que na Web Summit temos representados exactamente todos os ângulos, deste desenvolvimento. Os parceiros que desenvolvem estas soluções, os marketeers que são pioneiros na sua implementação, várias visões das reações dos consumidores, casos de sucesso em vários setores, startups com soluções para problemas que ainda nem percebemos que existem, etc., etc..
Agências de meios, agências de publicidade, digitais, meios, anunciantes e todos os players participantes na nossa indústria têm feito um esforço notável ao longo dos últimos anos para aproveitar e colocar ao serviço das estratégias publicitárias o melhor que a tecnologia e o desenvolvimento digital têm para oferecer.
Pesquisando, procurando e trabalhando com os melhores parceiros, transformando as estruturas, aproveitando o research das redes internacionais, investindo no recrutamento e formação de talento, etc. Já o referi em diversas ocasiões, a título de exemplo, mais de metade dos colaboradores das principais agências de meios trabalham em profissões que simplesmente não existiam há cerca de 15 anos. E, neste sentido, a Web Summit ajuda não só a validar e a calibrar parte do caminho feito, como também a perceber o caminho que se deve continuar a percorrer, em todas e cada uma das vária disciplinas da indústria publicitária.
E porque escrevo este texto sobre a relevância da Web Summit para o mercado publicitário, é muito importante referir que nesta indústria, por mais importante que seja a tecnologia, a (boa) ideia continuará a ter um papel principal. Numas das talks mais assistidas, Fernando Machado, CMO da Burger King, não deixou de salientar este aspeto e inspirou a assistência exatamente com o poder que uma boa ideia e um bom conteúdo podem ter.
Por todas estas razões, a Web Summit é, efetivamente, um game changer, para empreendedores de todas as indústrias e áreas que estão a ser influenciadas de forma mais direta pela evolução da tecnologia, como o setor financeiro, automóvel, saúde, público, mas é particularmente relevante para o mercado publicitário. E é fantástico sabermos que vai continuar a estar tão perto.