As startups têm um papel crucial na economia global, tanto como drivers da inovação tecnológica, como potenciais geradores de emprego. Contudo, a Covid-19 está a colocar em risco o ecossistema, desafiando a sua sobrevivência, limitando o seu crescimento e diminuindo as oportunidades para a sua criação.

O estudo preliminar “O Impacto da Covid-19 no Ecossistema de Startups Nacional”, realizado pela Startup Portugal, EY e SAP, revelou que mais de 70% das startups inquiridas continuam a laborar dentro da normalidade; contudo, como é que este cenário se posiciona face ao panorama internacional? Através de uma breve análise de benchmarking, observamos um impacto assimétrico em diferentes ecossistemas de startups a nível internacional.

 

Holanda
Segundo um relatório (março 2020), mais de 80% das startups inquiridas esperam entrar em dificuldades financeiras devido à pandemia. Entre as preocupações do ecossistema, assinalam-se a perda de clientes, diminuição de vendas e dificuldades no financiamento. Quanto a necessidades, as startups indicaram bridge funding, capital estrutural, redução ou adiamento de impostos e contratos com o governo como principais apoios. Metade dos respondentes ainda não tinha recorrido a qualquer apoio do estado.

 

Reino Unido
Informação retirada de um estudo (junho 2020) revela que as startups do país estão bem capitalizadas, após angariação de valores record em capital de risco (2019). No entanto, 39% das startups B2C e 18% das startups B2B observaram uma quebra de mais de 50% das receitas em março, enquanto 16% afirmam ter recorrido ao lay-off de pelo menos 10% dos seus colaboradores.

 

Israel
71% das startups consultadas num estudo tiveram de congelar processos de recrutamento, despedir colaboradores ou colocá-los em suspensão temporária não remunerada. 65% das startups com até dez colaboradores anteveem o encerramento nos próximos seis meses, caso a situação atual se prolongue. A maioria das startups confirmou, ainda, uma desaceleração em termos de financiamento. Não obstante os desafios, 57% dos respondentes viram esta situação como uma oportunidade para implementar mudanças nas suas equipas.

 

EUA
Estudo realizado na região centro-oeste do país (maio 2020) revela que das 59 startups que responderam terem sido impactadas positivamente pela Covid-19, 49% referem ter tido um aumento de receita, 19% relatam receita fixa e 19% são pré-receita. Dois terços dos CEOs inquiridos afirmaram estar otimistas, apesar dos desafios impostos pela situação. Mais de metade (61%) espera uma normalização das receitas e operações em 2021.

 

Coreia do Sul
Inquérito conduzido às startups do país (maio 2020) indica que estas veem a Covid-19 como uma oportunidade. Dos inquiridos, 42,5% afirmaram que a pandemia impactará positivamente o ecossistema empreendedor nacional. Mais de 65% acreditam que haverá mais oportunidades para novas ideias de negócio devido à transformação decorrente da crise.

 

Índia
Dados do relatório (maio 2020) sobre o impacto da atual crise em startups de deep tech, mostram que apenas 30% das empresas inquiridas estão a operar de acordo com os seus planos. 75% estão com dificuldades em relação a vendas e desafios de mercado. No entanto, 80% estão otimistas em relação a perspetivas futuras, sendo que 36% encontraram novas oportunidades de negócio durante a pandemia.

Apesar da heterogeneidade do ecossistema global, destacamos um certo alinhamento com os resultados obtidos em Portugal, nomeadamente no surgimento de novas oportunidades de negócio e no otimismo face a projeções futuras. Segundo informação da Startup Genome, mais de cinquenta unicórnios foram criados durante a Grande Recessão (2007-2009), constatando uma maior tendência empreendedora em alturas de crise.