Os três maiores clubes portugueses falham no índice de transparência no desporto, projeto coordenado pela Sport Integrity Global Alliance (SIGA), em colaboração com nove parceiros institucionais, e que tem como objetivo promover maior transparência e integridade no desporto.
Nos dados conhecidos esta quarta-feira, é possível que FC Porto, Sporting CP e SL Benfica apresentam nota negativa no projeto Sport Transparency Index que, nesta primeira fase, avaliou quinze indicadores universais de transparência em três domínios (organizacional, operacional e financeiro) de clubes profissionais, ligas e federações nacionais.
Nos dados disponibilizados pela SIGA, é possível perceber que a vertente operacional é o grande “Calcanhar de Aquiles” dos “três grandes” com “águias”, “dragões” e “leões” a serem classificados com nota quase mínima em aspetos que dizem respeito às políticas de igualdade de oportunidades e diversidade, privacidade e segurança de dados, proteção de denunciantes (whistleblower), consulta/envolvimento de stakeholders e sobre apostas desportivas
Estes clubes portugueses conseguem redimir-se na informação que disponibilizam no domínio organizacional (com o clube encarnado a situar-se um pouco abaixo dos rivais) mas tanto Sporting CP como SL Benfica voltam a falhar no que diz respeito ao aspeto financeiro: apresentam nota dois em aspetos relacionados com as políticas de contratação pública e de anticorrupção. Neste último, o FC Porto apresenta-se acima dos rivais de Lisboa.
Na nota final, o FC Porto está na posição 169 do ranking com nota 9; o Sporting CP consegue situar-se em 214º com nota 8 e o SL Benfica é o grande português com a pior classificação: nota 7. Na mesma posição do FC Porto está a Liga Portugal (que falha na informação que reporta do ponto de vista financeiro, segundo este índice). A Federação Portuguesa de Futebol termina na posição 30 com nota 12.
As melhores posicionadas em Portugal são duas Federações Portuguesas: Golf e Ténis. As duas encontram-se na posição dez com nota 13 e classificações apreciáveis nos três domínios avaliados: organizacional, operacional e financeiro.
A SIGA considera que “é por demais evidente é que o Desporto enfrenta uma ameaça real e tangível à sua Integridade em vários níveis; e que muitas das estratégias e mecanismos que têm como objetivo proteger o Desporto são difíceis de avaliar”.
“A opacidade histórica no que diz respeito à governança e ao processo de tomada de decisão quando combinados com a comercialização do desporto, criou, facilitou e perpetuou um ambiente propício à corrupção e à criminalidade. Esta realidade, aliada à falta de responsabilização, ameaça o Desporto, a sua credibilidade, viabilidade, e a confiança que lhe conferem enquanto indústria”, destaca a entidade internacional liderada pelo português Emanuel Macedo de Medeiros.
Assim, “são necessárias medidas sofisticadas para detetar, melhorar e resolver cada parte que compõe o problema. Contudo, estas soluções de Integridade devem ser apoiadas por um mecanismo de benchmarking acessível, conciso e relevante, que permita realizar avaliações rápidas, simples e transparentes daquilo que é a higiene organizacional”.
O Projeto Sport Transparency Index, que inicialmente irá ser executado entre janeiro de 2023 e junho de 2025, foi concebido para apoiar intervenções de integridade ao nível mais fundamental. Este projeto tem como objetivo ajudar a avaliar os intervenientes do desporto, entre eles clubes, ligas, associações nacionais e órgãos governamentais internacionais, usando critérios universalmente aplicáveis e
apropriados para o efeito, compará-los e contrastá-los em relação a indicadores básicos de transparência relacionados com integridade.
“É apenas o início”, destaca português líder da SIGA
Emanuel Macedo de Medeiros, CEO Global da SIGA, considera que o lançamento do Sport Transparency Index, cofinanciado pela Comissão Europeia, representa o desbravar de um caminho para a avaliação da transparência na governação do Desporto.
“Este lançamento é apenas o início. O nosso objetivo é alargar o alcance e o impacto desta ferramenta independente de avaliação comparativa, aumentando progressivamente o número de organizações avaliadas, a profundidade da análise e introduzindo uma dimensão global. Acreditamos que, através desta avaliação objetiva, da disponibilização pública dos dados e de ações de capacitação, é possível promover reformas estruturais e fortalecer uma cultura de integridade e transparência em todo o setor desportivo”, destacou o líder português.
O CEO da SIGA considera que o objetivo deste índice “não é expor ou envergonhar” mas sim “reconhecer e valorizar o mérito”: “Acreditamos que qualquer organização pode atingir a pontuação máxima no Índice, em matéria de Transparência, e reforçar a sua governação através do alinhamento contínuo com a SIGA. O Sport Transparency Index é, assim, muito mais do que uma métrica – é um catalisador de mudança positiva e uma oportunidade concreta para transformar positivamente o Desporto”.
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